Três cearenses conquistam medalha de ouro na Olimpíada Latino-Americana de Astronomia

"Toda essa jornada mudou muito a minha vida", afirma o medalhista Vinícius, depois de um ano de preparação para a competição

Escrito por Redação ,

O Brasil conquistou cinco medalhas na 10ª Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica (OLAA), realizada entre os dias 14 e 20 de outubro na cidade de Ayolas, no Paraguai. Três cearenses integravam a delegação brasileira,que ficou em 1º lugar no quadro geral de medalhas da competição.

Caio Nascimento Balreira, Katarine Emanuela Klitzkee, Vinícius Rodrigues de Freitas representaram o Ceará na competição e conquistaram a medalha de ouro. Luã de Souza Santos, de São Paulo, também conquistou o ouro. Gabriel Gandra Prata Gonçalves, do Espírito Santo, completa a delegação, e faturou a prata.

Caio, estudante do 3º ano do ensino médio, comentou que foi um momento único conquistar os prêmios: “Era um objetivo que eu queria, um sonho. Toda a delegação estava muito ansiosa. A gente sabia que tinha ido bem nas provas. Quando chamaram para a medalha de ouro, foi uma comemoração gigantesca”, afirma o estudante. 

Além de conquistar a medalha de ouro, Caio também recebeu o prêmio de melhor prova teórica em grupo e melhor prova observacional, que testa os conhecimentos das constelações, localização de objetos celestes e manuseio de telescópios.

Para Vinícius "toda essa jornada mudou muito a minha vida. Participar, representar o Brasil, é uma sensação engrandecedora. Vai com certeza ficar marcado na vida de todos que participaram”. O interesse do estudante pela astronomia veio ainda muito novo: “Meio que nascemos curioso. No início da vida, procuramos entender melhor as coisas que acontecem ao nosso redor. Lembro que uma vez, quando era pequeno, meu pai me levou para ver o eclipse lunar. Eu não entendi o que estava acontecendo, mas achei tudo muito bonito", relembra.

A participação na competição se tornou um desejo para Vinícius ainda no ensino fundamental. Nascido em Barbalha, o estudante viveu boa parte da vida em Juazeiro do Norte, onde conheceu a Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA). A partir disso, começou a estudar e se aprofundar ainda mais no tema.

Aos 14 anos, Vinicius viu a oportunidade de estudar em um colégio particular em Fortaleza. Ele agarrou a chance e, com apoio dos pais, veio sozinho para a capital cearense, morar com outros estudantes com o qual divide os sonhos. “Minha mãe sempre disse que a prioridade dela é investir na minha educação”, afirma Vinícius, que após a conquista na OLAA, agora se prepara para outra prova importante, o Enem. A nova meta é conquistar uma vaga no curso de Engenharia Física. 

Além da conquista das medalhas, os estudantes afirmaram que a experiência da viagem foi algo inesquecível, principalmente pela troca de conhecimento com pessoas de outros países. “Foi algo fantástico. Eu não tive contato só com o País sede (Paraguai), tive contato com todos os outros países que estavam participando. Esse é um evento muito rico. Fiz novos amigos, conheci outras culturas, a gente criou laços muito fortes”, afirma Caio. 

Competição

A seleção para participar da delegação brasileira para as olimpíadas internacionais deste ano começaram ainda em 2017. A disputa pelas vagas acontece entre os alunos medalhistas nas Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA). A primeira etapa é aplicada de forma online e posteriormente os classificados são convidados a realizar uma prova presencial no Rio de Janeiro. A etapa final acontece Vinhedo, no interior de São Paulo, onde também é realizado o treinamento para a competição, com aulas teóricas e práticas. 

No final, cinco pessoas são selecionadas para participar da OLAA, a competição latino-americana, e outras cinco para participar da Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA), que acontecerá em novembro, na China. 

A ajuda da família também foi fundamental durante a preparação e para incentivar os jovens a continuar na busca deste sonho. Caio nunca tinha saído do Ceará, e com a olimpíada, viajou para Rio de Janeiro, São Paulo e Paraguai. Apesar da preocupação da mãe, ela nunca deixou de incentivá-lo: “Minha mãe percebeu que eu queria muito participar e ela me incentivava bastante. Cada conquista, cada etapa que eu passava, meus pais comemoraram”, comenta. 

Vinicius afirma que o incentivo da família foi fundamental para a conquista: “Sempre que precisei de apoio, eles tiveram aqui falando que eu era capaz. É muito comum durante a seleção, que é bastante longa, a pessoa se sentir desestimulado, por isso é importante ter sempre pessoas por perto para mostrar que a gente é capaz".

A OBA é destinada a alunos dos ensinos fundamental e médio e neste ano chegou a 21ª edição. Com o resultado desta edição da Olimpíada Latino-Americana, o Brasil se tornou o maior medalhista da história da competição. No total das 10 olimpíadas, foram 30 medalhas de ouro, 16 de prata e 4 de bronze.
 

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