Transporte tem oferta de ônibus comprometida após ataques

Cerca de 75% da frota de coletivos operou em Fortaleza, ontem (24), enquanto as topiques ofertaram 47,8% do total de veículos. Nesta quarta-feira, a previsão é que o serviço continue com linhas reduzidas ao longo do dia

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: Filas mais longas foram percebidas por passageiros no Terminal da Parangaba
Foto: FOTO: KID JÚNIOR

O quinto dia de ataques no Ceará trouxe repercussões negativas na segurança pública, assim como gerou incertezas no ir e vir. Chegar ao destino final demandou tempo e paciência das pessoas que precisaram do transporte público ontem (24), em Fortaleza. Do despertar ao anoitecer, ônibus e alternativos operaram com número menor de veículos. A medida foi tomada para garantir a integridade física de motoristas, cobradores e passageiros.Hoje, a expectativa é que o serviço continue reduzido.

De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), o sistema circulou com 75% da frota pela Capital e Região Metropolitana. Durante o trajeto, linhas de coletivos tiveram escolta da Polícia Militar. Por “questões estratégicas”, a PM não revelou a quantidade de viaturas ou policiais que realizaram o patrulhamento. 

Quem precisou usar topique também notou a baixa. De 213 veículos, apenas 102 estiveram nas ruas, o que corresponde a 47,8% do total. A informação é da Cooperativa dos Transportadores Autônomos de Passageiros do Estado do Ceará (Cootraps). Segundo o presidente do órgão, Célio Rodrigues, diferente dos ônibus, as topiques que circularam não tiveram aparato policial, muito embora a entidade tenha solicitado à Prefeitura de Fortaleza. [TEXTO1]

Espera 

“Eu me senti muito apreensiva. Felizmente, eu estava protegida no trabalho. Mas, para sair de casa, é sempre complicado e angustiante. Eu acabei tendo que usar o transporte por aplicativo”, pondera a assistente social Jéssica Oliveira, 26 , que saiu do expediente mais cedo para tentar pegar ônibus no Terminal da Parangaba. “Estou sem dinheiro para pegar outro Uber e vou voltar de ônibus”.

Já passava de uma hora o tempo de espera pela linha Arvoredo/Parangaba quando a reportagem conversou com a porteira Eronilce Marques, 43. Conforme disse, o ônibus “foi recolhido pela empresa e só libera quando tiver policial dentro”. Sem condições financeiras para uma solução ao transporte convencional, lamenta: “É o jeito esperar”.

Ainda que com atrasos, Joseane Marques conseguiu chegar ao trabalho de ônibus. A assistente social viu paradas superlotadas mesmo tendo saído de casa 15 minutos antes do horário habitual. O retorno, porém, gerou receios. “Além de demorar, de acontecer alguma coisa, de pedirem para parar, descer ou queimar o ônibus com a gente dentro”, considerou.

No Bairro Panamericano, onde a educadora Edivânia Costa mora, o ônibus mudou o percurso. “Ele não desceu até as ruas de baixo”, complementa. Assim como o transporte, ela também precisou buscar outra alternativa para garantir a volta. Isso porque, na última segunda-feira (23), ela esperou a condução mais de três horas no Centro, o que a obrigou, ontem, a ir para a Parangaba. “Eu já não vou para o Centro correr o mesmo risco. Na Parangaba, caso não tenha ônibus, eu consigo voltar de outro jeito”.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.