Sem conseguir voltar ao Ceará, publicitária vive isolamento em hostel na Argentina

A viagem, que deveria terminar em 8 de abril, agora vai durar até 1º de maio, já que nenhuma companhia aérea brasileira tem voos disponíveis

Escrito por Redação ,

Legenda: Cearense integra grupo de 150 brasileiros que não conseguem sair da Argentina

 

A pandemia de Covid-19 vem causando vários efeitos mundo afora, um deles é o cancelamento dos voos e, consequentemente, a dificuldade de brasileiros, que estão no exterior, voltarem para casa. Na Argentina, por exemplo, brasileiros que não conseguem voltar para o Brasil, desde que governo argentino declarou quarentena obrigatória no dia 19 de março, criaram um grupo, em uma rede social, e já conta com cerca de 150 pessoas. Nele, está a publicitária cearense Caroline Tavares de 32 anos.

A viagem que deveria durar um mês agora vai durar até 1º de maio, já que nenhuma companhia aérea brasileira tem voos disponíveis para abril. A jovem, que no momento está confinada em um hostel na província de Córdoba, chegou ao país no dia 8 de março, com os planos de permanecer um mês aperfeiçoando o idioma e trabalhando como nômade digital, mas no dia 17 de março esses planos começaram a mudar, quando seu voo de retorno a Buenos Aires foi cancelado, devido às medidas de contenção do novo coronavírus no país.

“Aqui a gente está na segunda quinzena de quarentena. O Governo Federal daqui declarou mais uma quinzena, até a semana santa, né? Então tudo cancelado, voos, ônibus, tudo. Tudo aqui está parado”, contou Caroline sobre o seu drama. Ela disse ainda que conseguiu sair na rua essa semana, porque só pode sair uma pessoa por vez na rua. Tem que sair com uma permissão dizendo onde estou hospedada, que não tenho nenhum sintoma, a data que eu cheguei e outras coisas, além de ter que sair com meu passaporte”, contou sobre a situação que está vivendo.

Com poucas pessoas nas ruas, apenas um ônibus transitando dentro da cidade e a suspensão dos ônibus intermunicipais, a situação fica mais crítica, já que fica difícil de voltar, pelo menos, para a capital do país, Buenos Aires, onde se localiza a embaixada brasileira. “Já cotei a possibilidade de ir para Buenos Aires de táxi, mas o valor fica inviável. Fica praticamente o valor de uma passagem ida e volta para o Brasil”, externou. 

Outro drama que assola os brasileiros no exterior é a falta do dinheiro, que anteriormente seria para um determinado período de tempo e, de repente, esse tempo se torna maior que o esperado. “Eu não tenho mais dinheiro argentino, não tenho mais pesos. Agora não tem casa de câmbio, não tem quem faça esse cambio pra mim. Estou usando cartão de crédito, que está saindo alto pra mim, mas é o que eu posso fazer no momento”, pontuou. 

Nicoly Magny, de 22 anos, estudante de Geologia de São Paulo, também faz parte desse grupo de brasileiros na Argentina. A estudante, que está na quarentena desde o dia 15 de março, foi para ser voluntária no Parque Nacional Los Glaciares e, apesar de está hospedada no alojamento do parque, a alimentação fica por conta da estudante. “Os meus pesos argentinos já acabaram, não tenho mais dinheiro, tive que pedir dinheiro emprestado, pedir para outra pessoa fazer uma compra pra mim”, relata a situação, que não é só dela, mas de muitos. 

A principal reclamação da estudante é quanto à  falta de resposta significativa do consulado, principalmente para quem se encontra em outras partes do país, longe de Buenos Aires. “Onde eu estou é muito longe, estou impossibilitada de chegar em Buenos Aires, então assim, uma situação muito difícil”, contou emocionada.    

O Consulado Brasileiro entrou em contato com Caroline para encaminhar um auxílio. A cearense ainda não sabe quando deve receber o dinheiro e qual será o valor enviado. "Estamos sem peso argentino, as casas de câmbio não estão abertas. A gente tava pedindo dinheiro emprestado", relata.


Repatriação

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, 8.600 brasileiros que se encontravam no exterior, já foram repatriados desde o início da crise do novo coronavírus e todos os brasileiros retidos fora do país estão sendo considerados pelo Itamaraty.

Em nota o Itamaraty informa que “negociações com o governo e com as companhias aéreas estão em andamento para viabilizar solução que permita a todos os nacionais não residentes retidos na Argentina o mais rápido retorno possível ao Brasil”, comunica também que a situação atípica trás dificuldades, desaconselhando qualquer previsão de retorno desses brasileiros, mas “o Itamaraty está trabalhando, ininterruptamente, para lograr o retorno de nossos compatriotas”.  

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