Projeto Leituras na Praça reúne amantes da literatura no Parque Rio Branco neste domingo (31)

Premiada iniciativa contemplou, nesta edição, conto da escritora paulistana Lygia Fagundes Telles

Escrito por Redação ,
Legenda: Debate desta edição foi estimulado pela escritora e professora Tércia Montenegro
Foto: Foto: Natinho Rodrigues

As carregadas nuvens da manhã deste domingo (31), unidas ao verde onipresente do Parque Rio Branco, no bairro Joaquim Távora, foram cenário para mais uma edição do Projeto Leituras na Praça. Iniciada em 2017, a ação ocorre sempre no último domingo de cada mês, reunindo de 20 a 30 amantes da literatura no espaço, primando pelo diálogo sobre obras de escritores nacionais e internacionais.

Após leituras de trabalhos assinados por nomes como Conceição Evaristo, Jorge Luis Borges, Franz Kafka e Mário de Andrade, chegou a vez da contista Lygia Fagundes Telles ganhar maiores olhares. O conto “Antes do baile verde” foi o escolhido pela escritora Tércia Montenegro – convidada a estimular o debate – para ser dividido entre os presentes. 

Legenda: Diferentes perfis de participantes comparecem à atividade
Foto: Foto: Natinho Rodrigues

A professora da Universidade Federal do Ceará Inês Cardoso, idealizadora do projeto, comenta que a proposta da atividade é abrangente. 

“Além de levar a leitura de clássicos para o público em geral, a ideia é aproveitar os espaços maravilhosos que temos na cidade, como os parques e praças, e fomentar esse tipo de prática nos lugares abertos”, explica.

“Também resgatamos um pouco esse hábito antigo que a gente tinha das leituras coletivas, muito embora, no passado, ele se restringisse somente ao âmbito doméstico”, completa. 

Motor

Natural de Pernambuco, mas residente há 44 anos em Fortaleza, a funcionária pública Ana Lúcia Carneiro, 68, participou pela segunda vez do projeto motivada pelo convite de Inês Cardoso.

Legenda: A funcionária pública Ana Lúcia Carneiro visitou pela segunda vez o projeto e deseja estender a frequência
Foto: Foto: Natinho Rodrigues

Lidando, na rotina profissional, com idosos, ela conta que a iniciativa não apenas fortalece  o crescimento individual, como também é motor para que um novo trabalho entre aposentados na cidade possa acontecer. 

“Estamos com a ideia de fundar um grupo de leitura no Programa de Ação Integrada para o Aposentado (PAI), estimulando a leitura entre os idosos para desenvolver a área cognitiva e adiar mais as doenças próprias do envelhecimento”, sublinha. 

“Aprecio demais a leitura e, normalmente, a pessoa que lê muito é alguém se comunica, escreve e se articula bem. Estou nessa caminhada, sempre procurando me aperfeiçoar, e o grupo tem me incentivado a isso”.

Pontapé

Por sua vez, a estudante Selma Licia de Paula, 40, participou pela primeira vez do encontro. Ela, que há cerca de cinco anos já participa de outros clubes de leitura em Fortaleza, se disse convidada a participar do projeto muito em parte devido ao foco sobre Lygia Fagundes Telles. 

"Minha sede é de conhecimento, pela busca de olhares e interpretações que eu nunca tive. Fazer trocas", resume.

Legenda: Natural de Belém, no Pará, Selma Licia teve a vida transformada pela leitura
Foto: Foto: Natinho Rodrigues

Ao ser perguntada sobre como a leitura mudou sua vida, Selma é enfática: "Mudou totalmente. Ele é o alicerce da minha vida desde sempre, já que vim de uma família muito humilde, de Belém do Pará. A gente não tinha nada. E os livros fizeram muito a diferença porque a gente sempre teve muito esse incentivo. Minha mãe dizia assim: 'Olha, se você não ler, não vai ser ninguém na vida. É ler, ler e ler. E era o que a gente fazia".

Reconhecimento

Em dezembro do ano passado, o Leituras na Praça foi um dos vencedores do Prêmio Retratos da Leitura, do Instituto Pró-Livro, em cerimônia realizada em São Paulo.

O reconhecimento, na visão de Inês, garante que a atividade persista. “O IPL reconheceu o projeto, o que para a gente foi muito interessante, mas principalmente nos deu a oportunidade de estar em contato com outras iniciativas de leitura do País. Isso é muito rico e importante para nutrir a ação”.

"Acho, inclusive, que os momentos de crise suscitam esse tipo de reação nas pessoas, de se reunir, especialmente aquelas que não se conformam facilmente com as adversidades. É uma pulsão do ser humano essa questão do ressignificar o mundo e a própria existência. E o livro é simplesmente uma ponte para isso. O que a gente tem que fazer é se posicionar diante do que nos incomoda, pessoal, social e politicamente falando. E a criticidade que a leitura fomenta é algo extremamente saudável", finaliza.

Serviço
Projeto Leituras na Praça
Todo último domingo do mês no Parque Rio Branco (Av. Pontes Vieira, s/n, Joaquim Távora). Gratuito.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
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