Praias cearenses receberão nova vistoria para monitorar manchas de óleo

Calendário de limpeza das regiões ainda com resíduos de óleo será definido em reunião na Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (SEMA).

Escrito por Renato Bezerra , renato.bezerra@svm.com.br
Legenda: Limpeza na praia da Sabiaguaba, uma das mais atingidas pelo óleo, continuará nessa sexta-feira (11).
Foto: Foto: José Leomar

As praias cearenses receberão nova inspeção para monitorar a ocorrência de manchas de óleo na segunda-feira (14) e terça-feira (15). Foi o que disse o secretário de meio ambiente do Estado, Artur Bruno, após reunião com técnicos e especialistas de diversos órgãos na tarde desta quinta-feira (10), na sede da Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (SEMA).

Entre as ações definidas no encontro está o processo de limpeza da praia da Sabiaguaba, que deve continuar nesta sexta-feira (11), uma vez que uma grande quantidade de óleo permanece nas pedras. De acordo com o secretário, cerca de 100 litros de óleo foram retirados das rochas na primeira limpeza realizada. 

"O sobrevoo que a gente fez em todo o litoral confirmou não haver manchas novas de óleo no mar. Muitas das praias já foram limpas, algumas ainda precisam ser reforçadas, mas não há aquela quantidade excessiva de óleo como em outros estados", afirma o secretário. Na terça-feira (15), segundo acrescenta, também será definido o calendário de limpeza das praias ainda contaminadas na faixa de areia, entre elas, Caponga, Taíba, Paracuru, além de praias de Caucaia e Beberibe.

Conforme Artur Bruno, os animais encontrados com problemas derivados do óleo, como cetáceos, tartarugas e pássaros, serão encaminhados para a ONG Aquasis para receberem os primeiros atendimentos, destacando não haver uma recomendação para que a população evite o consumo de pescados ou crustáceos. "Não observamos no Ceará essa mancha de óleo de forma generalizada como em alguns estados nordestinos. Existe sim um problema pontual e estamos agindo rapidamente para fazer a limpeza", disse. 

Indefinição

A origem da contaminação, no entanto, permanece um mistério. Amostras de óleo recolhidas desde o último dia 23 de setembro foram enviadas para análise do Instituto de Pesquisas da Marinha do Brasil, no Rio de Janeiro, mas conforme o Capitão de Mar e Guerra da Capitania dos Portos do Ceará, Madson Cardoso, ainda não há resultado. "É muito difícil realizar análise de um óleo que está há um bom tempo na água, então as informações são preliminares e estão concentradas com o nosso gabinete de crise", afirma. 

A investigação do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR) da Universidade Federal do Ceará (UFC) também não identificou a origem das manchas, segundo explicou o professor Carlos Teixeira. A suspeita de que o material fosse proveniente do navio alemão que naufragou em 1944 - resultando no aparecimento dos fardos de borracha no litoral cearense no ano passado - foram descartadas em virtude do óleo encontrado ser classificado como novo. 

"Vamos continuar investigando. Vão ser feitas análises químicas do material. O óleo está vindo da região leste. A gente acredita que seja um ponto na latitude de Recife, mas afirmar com precisão é muito dificil porque a gente não sabe o tempo que esse óleo está no mar", diz Teixeira. 

Ainda na reunião ficou decidido que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizará o mapeamento de pontos de óleos e da fauna oleada encontrados. Os demais integrantes do grupo de trabalho - formado pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), Capitânia dos Portos, Ministério de Ciências Tecnologia e Inovação, Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran-CE), Corpo de Bombeiros, Labomar, entre outros órgãos - deverão encaminhar para o Ibama foto com coordenadas, data e horário do avistamento das manchas e animais oleados, vivos ou mortos. Manchas no mar devem ser comunicadas à Marinha, com a identificação do local aproximado. 

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