Pertences de valor não foram levados para identificação, segundo ex-moradores de prédio demolido

Os objetos encontrados em meio aos escombros, após a demolição, foram armazenados em um galpão no bairro Bonsucesso. Ex-moradores constatam a péssima condição dos itens recuperados

Escrito por Redação ,
Legenda: Peças de roupas, utensílios de cozinha, sapatos — alguns sem o par — e embalagens de fraldas ocupam o espaço do galpão.
Foto: Foto: Emanuelle Lima

Embora tenham sido informados de que seria possível recuperar os pertences deixados no prédio que teve de ser demolido, na Maraponga, ex-moradores vivenciam uma situação distinta: os objetos encontrados em meio aos destroços foram levados para um galpão no bairro Bonsucesso, onde estão armazenados à espera dos donos, caso estes queiram buscar os itens apesar das más condições em que se encontram. 

Peças de roupas, utensílios de cozinha, sapatos — alguns sem o par — e embalagens de fraldas ocupam o espaço do galpão, onde ex-moradores tentam identificar o que lhes pertence. Aparelhos eletrônicos, como televisões e computadores, porém, quase não foram vistos. As poucas unidades levadas para a construção no Bonsucesso tiveram suas telas rachadas. 

“No prédio, tinha pelo menos um computador por apartamento. Como é que só acharam um? De tantos, como não encontraram mais?”, indaga o operador de logística Evandro dos Santos, ex-morador do 4º andar. A princípio, ele não pretendia ir até o galpão, já imaginando que os pertences estariam danificados. “As coisas melhores não estão lá, foram retiradas. São materiais que dá pra tirar as peças, vender”. 

Valor 

“Tudo cheio de poeira, rasgado, molhado. É como se a gente fosse catador de lixo. Foi isso aqui que sobrou da nossa história”, lamenta a nutricionista Emanuelle Lima.  

Entre tantos bens de valor afetivo e material, Emanuelle buscava o HD do computador de seu marido. No local, só encontrou um outro aparelho, também em péssimas condições. “A gente achou as bolsas, mas bolsa com dinheiro que tinha dentro, nada. Fizeram a limpa em todas as bolsas. Deixaram o mínimo, graças a Deus, pelo menos alguns documentos restaram”, diz. 

Para Evandro dos Santos, a ida ao galpão também foi frustrante. Ele procurava fotos e quadros de família, além de seus documentos. “Eu tinha umas cédulas muito antigas, que eram dos meus avós e passavam de geração em geração. Não tinham mais valor, mas eram muito importantes pra mim”, revela. 

O ex-morador se lembra de ter sido informado por Gerônimo de Abreu, advogado dos proprietários do prédio, de que seria possível retirar todos os pertences antes da demolição. Mais tarde, a impossibilidade de recuperar os objetos não foi esclarecida, e a data de início da demolição também não foi notificada aos moradores. 

Em relação ao armazenamento de itens no galpão, a advogada dos proprietários, Carolina Abreu, afirma que foi uma "medida de urgência" para acomodar os pertences dos ex-moradores e que a organização do espaço foi realizada pelos próprios proprietários. Afirmou, ainda, que todos os itens possíveis de serem recuperados após a demolição já estão no local. Segundo ela, todos foram comunicados por telefone para irem em busca de seus objetos pessoais. Sobre os objetos danificados, a advogada disse que não pode afirmar que o problema foi causado pela demolição.

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