Orientações de especialista acabam com mitos sobre a doação de órgãos

Com base em perguntas frequentes, Eliana Barbosa, Coordenadora da Central Estadual de Transplantes do Ceará (CET), desmistifica tópicos delicados relacionados à doação de tecidos e de órgãos.

Escrito por Universidade de Fortaleza ,

Doar órgãos e tecidos é, de fato, um ato de amor e de humanidade. Mesmo cientes disso, muitas pessoas ainda guardam alguns mitos sobre o tema, ligados à idade, à religião, à assistência médica e a outros fatores. Para esclarecer essas questões, a médica Eliana Barbosa, Coordenadora da Central de Transplantes do Estado do Ceará (CET), detalha os tópicos mais delicados, listados pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) como “os mitos mais comuns” quanto à doação de órgãos e de tecidos. 

MITO 1
“Se os médicos do setor de emergência souberem que sou um doador, não vão se esforçar para me salvar”.

“A retirada dos órgãos para transplante somente é considerada quando todos os esforços para salvar a vida de uma pessoa tenham sido realizados e, ainda assim, o  paciente evoluiu para morte encefálica. Além disso, a equipe médica que atende uma pessoa na emergência tem a prioridade de salvar vidas, não tendo conhecimento sobre a decisão da pessoa ser ou não doadora, e não é a mesma que promove a retirada de órgãos para transplante”, esclarece Eliana Barbosa.
A morte encefálica é a perda completa e irreversível das funções encefálicas (cerebrais), definida pela parada das funções corticais e do tronco cerebral. “A doação só poderá ser realizada no caso de paciente em morte encefálica, se houver autorização de um familiar, como previsto em lei. Se os familiares não autorizarem, a doação não poderá ser realizada”, ressalta a médica.
A especialista também aponta que é importante diferenciar coma e morte encefálica. “Coma é um estado reversível, em que as células cerebrais continuam vivas, mas o indivíduo não consegue se integrar ao meio. Já a morte encefálica, como o próprio nome sugere, é um quadro irreversível”, detalha a Coordenadora da Central de Transplantes do Estado do Ceará (CET).

“A doação só poderá ser realizada no caso de paciente em morte encefálica, se houver autorização de um familiar, como previsto em lei. Se os familiares não autorizarem, a doação não poderá ser realizada”, ressalta a médica Eliana Barbosa.

MITO 2
“Quando estou esperando um transplante, a condição financeira ou o status são tão importantes quanto a condição médica”. 

“O sistema de lista única é constituído pelo conjunto de potenciais receptores brasileiros, natos ou naturalizados, ou estrangeiros residentes no país, inscritos em cada Estado para o recebimento de cada tipo de órgãos ou tecidos”, explica Eliana Barbosa.
A seleção dos receptores inscritos na lista de espera é realizada pela Central de Transplantes do Estado do Ceará (CET) por meio de um programa informatizado do Ministério da Saúde, obedecendo um conjunto de critérios específicos, dependendo do órgão ou tecido que está sendo distribuído:
. Córnea: por tempo em lista de espera;
. Pâncreas: por grupo de sangue e por tempo em lista de espera;
. Rim: por grupo de sangue, por compatibilidade imunológica (tipagem HLA) e por tempo em lista de espera;
. Fígado: por grupo de sangue e por gravidade (sistema MELD); 
. Coração: por grupo de sangue, por relação do peso entre o doador e o receptor e por tempo em lista de espera;
. Pulmão: por grupo de sangue, por tipo de transplante (um ou dois pulmões) e por tempo em lista de espera.

MITO 3 
“É preciso um documento ou registro expressando minha vontade de ser doador”.

Para ser doador no Brasil não é necessário deixar nada por escrito, em nenhum documento. “O registro em documento de identidade ou na carteira de motorista não tem mais valor legal. Basta, portanto, conversar com seus familiares sobre o seu desejo de ser doador e deixar claro que eles devem autorizar a doação de órgãos”, esclarece Eliana Barbosa. 

MITO 4
“Somente coração, fígado e rins podem ser transplantados”.

“Em vida (doador vivo) podem ser doados: um rim, parte do fígado, parte do pulmão, medula óssea e sangue. Após a morte do doador: coração, pulmões, rins, fígado,  pâncreas, córneas, pele, ossos e válvulas cardíacas”, detalha a Coordenadora da Central de Transplantes do Estado do Ceará.

A seleção dos receptores inscritos na lista de espera é realizada pela Central de Transplantes do Estado do Ceará (CET) por meio de um programa informatizado do Ministério da Saúde, obedecendo um conjunto de critérios específicos.

MITO 5
“Meu histórico médico acusa que meus órgãos ou tecidos estão impossibilitados para a doação”.

Não existe restrição absoluta à doação de órgãos. Todas as pessoas podem ser doadoras, desde que não sejam portadoras de doenças infecciosas ativas. “Somente após avaliação médica do histórico clínico do doador é que será possível determinar se há algum impedimento à doação”, ressalta Eliana Barbosa.

MITO 6
“Minha religião proíbe a doação de órgãos”.

Praticamente todas as religiões são favoráveis à doação de órgãos e tecidos, pois pregam os princípios de solidariedade e amor ao próximo. “Por exemplo, muitos pensam
que os Testemunhas de Jeová se opõem à doação de órgãos e tecidos, porque são contrários a transfusões. Entretanto, eles aceitam a doação e o transplante, este último
desde que todo o sangue seja removido antes do transplante”, diz Eliana Barbosa.

MITO 7
“Há perigo de alguém ser drogado e, quando acordar encontrar-se sem um dos rins, removido para ser utilizado no mercado negro”.

“A realização do transplante de forma clandestina é praticamente impossível”, garante Eliana Barbosa. “O transplante ocorre obrigatoriamente em um hospital
especializado, altamente diferenciado, com a participação de pelo menos 20 profissionais, também especializados, para atenderem às exigências técnicas envolvidas no procedimento do transplante e no cuidado pós-operatório”, esclarece a médica. “Além disso, a cirurgia de retirada de órgãos deve ser realizada em um centro cirúrgico 
com toda assepsia necessária, envolve cirurgiões especializados e há a necessidade de compatibilidade entre o doador e o receptor (sanguínea, antropométrica, para
os rins, imunológica e outras)”, ressalta a especialista.

 

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