Nove meses depois, famílias afetadas por enchente do Rio Cocó ainda aguardam benefícios

Moradores relatam medo de que a situação possa se repetir com a chegada da quadra chuvosa

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
Legenda: Fevereiro deste ano foi marcado na memória dos moradores que tiveram as ruas e as casas invadidas pela água.
Foto: Vc Repórter

Nove meses após as enchentes que afetaram comunidades no entorno da barragem do Rio Cocó, no Conjunto Palmeiras, famílias ainda aguardam indenização da Prefeitura de Fortaleza. Os prejuízos materiais foram resultado das chuvas dos dias 21 e 24 de fevereiro.

Até o início de abril, a Defesa Civil de Fortaleza havia realizado o cadastro de 3.110 famílias de bairros como Barroso, São Cristóvão e Jangurussu. Entre elas está a da dona de casa Amanda Cordeiro, 40, que lembra de ficar com a cintura submersa ao andar nas ruas do Barroso I. “Vieram nas casas e olharam o que a gente tinha perdido. No meu caso, perdi tudo que era aglomerado como armário, guarda-roupas. Disseram que iam indenizar a gente, mas até agora a gente não recebeu nada”, destaca.

Amanda, preocupada com a filha de dois anos, deixou o marido cuidando de casa e foi morar com a mãe até o fim das chuvas fortes. No entanto, ela tem receio que a situação, que “caiu no esquecimento”, volte a se tornar realidade. “Há duas semanas a gente recebeu um comunicado que iam começar a parte da drenagem aqui da rua. Ia começar dia 9, mas hoje já é dia 17 e ainda não começou nada aqui”, conta.

Prejuízos

A falta de estrutura da cidade também afetou Flávia Queiroz, 30, que perdeu móveis, eletrodomésticos e teve prejuízo de R$ 7 mil no carro, submerso até a altura do painel. “Desde de fevereiro que eu estou instalada na casa do meu avô, não consegui nem me erguer. Meu filho passou o ano inteiro sem estudar e eu fiquei sem trabalhar durante seis meses”, destaca.

Flávia reuniu cerca de 50 pessoas e abriu uma Ação Civil Pública para buscar ressarcimento do Governo, mas ela ainda não teve acesso a nenhum benefício. “Fui no Cuca do Jangurussu e me cadastrei. Na outra semana a Defesa Civil passou e me inscreveram, mas não recebi nada. Passei seis meses com o meu psicológico abalado”, destaca.

Para esclarecer sobre as famílias que ainda aguardam por indenização, a Coordenadoria Especial de Articulação das Secretarias Regionais (Coareg), responsável por mediar os benefícios, informou que já foram realizados 1.262 auxílios e os demais "foram arquivados por estarem fora da poligonal ou não atenderem aos critérios do decreto". O órgão disse, ainda, que "a ampliação da poligonal está sendo finalizada, devendo chegar a 1.500 famílias".

Drenagem

A Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf) informou, por nota, que as obras do Programa Mais Ação no Barroso devem abranger 114 ruas ao todo. Atualmente, as intervenções acontecem na rua Waldemar de Alcântara e, de acordo com o cronograma de execução estabelecido pela Seinf, a conclusão está prevista para o segundo semestre de 2020.

O projeto prevê obras de requalificação da infraestrutura viária, com nova pavimentação, padronização de calçadas e implantação de rede de saneamento básico nos trechos onde há ausência de esgotamento sanitário.

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