Notificações de doenças diarreicas caem 34% no Ceará em um ano

Conhecida erroneamente como ‘virose da mosca’, doença registrou, nas primeiras semanas de 2020, 16.600 casos a menos em relação ao mesmo período do ano passado

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
Legenda: Maior impacto foi sentido na faixa etária de 1 a 4 anos de idade, com 38% dos casos a menos do que o ano passado
Foto: Camila Lima

Frequentes durante o período chuvoso, os casos de Doenças Diarreicas Agudas (DDA), comumente chamadas pela população de ‘virose da mosca’, reduziram no Ceará. De acordo com o relatório da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) sobre doenças de notificação compulsória, 32.469 notificações foram registradas nas cinco primeiras semanas deste ano. O levantamento no mesmo período de 2019 indicou que 49.069 foram registrados, uma queda de 33,8% no número de casos.

Ainda de acordo com os documentos, crianças entre 5 e 9 anos são faixa etária com menor redução no intervalo, com queda de apenas 25% no número de casos. Em seguida, vem a parcela com menos de um ano de idade, com redução de 32%. A população de 10 anos ou mais aparece com redução de 34%. O maior impacto foi sentido na faixa etária de 1 a 4 anos de idade: foram contabilizados 38% dos casos a menos do que o ano passado.

De acordo com o infectologista Anastácio Queiroz, professor de clínica geral na Universidade Federal do Ceará (UFC), a redução no número de notificações está dentro da expectativa. “Nossas condições de saúde melhoraram, por isso, ao longo dos anos, o número de casos vem diminuindo.” explica. 

Ainda segundo Queiroz, é difícil apontar uma causa específica para a queda, já que as DDAs podem ser motivados por diversos tipos de agentes. “Diferente do que a população pensa, as doenças diarreicas não tem relação necessariamente com as moscas. Elas são causadas por protozoários, bactérias, vírus. São muitos fatores causadores.”, justifica. 

O infectologista alerta, ainda, que a redução de notificações não reflete necessariamente uma melhoria em toda a população.

“Ainda podemos melhorar muito. Existem áreas com maior vulnerabilidade social, onde a comunidade é exposta à condições sanitárias precárias e que precisam de mais atenção. Rastrear o motivo de cada infecção é fundamental para facilitar o combate”

Cuidados

Apesar da redução, o avanço da quadra chuvosa de 2020, entre os meses de fevereiro e maio, com expectativa de ser maior do que o período chuvoso do ano anterior, requer que os cearenses tomem cuidados especiais. “É o momento em que o Ceará tem mais casos dessas doenças”, conta Júlia Araújo, assessora técnica de Doenças Diarreicas Agudas da Sesa.

De acordo com a pasta, são sintomas de DDA ocorrência de, no mínimo, três episódios de diarreia aguda em 24 horas, náusea, vômito, febre e dor abdominal. A evacuação pode ser ser aquosa ou com pouca resistência, e ainda apresentar muco e sangue. 

É preciso estar atento à perda de líquido durante o episódio de diarreia. “Desidratação é sinal de alerta. O paciente deve procurar as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) para receber tratamento.” informa Júlia. “A Sesa está sempre trabalhando junto à população e aos profissionais de saúde, para conscientizar sobre a importância de lavar as mãos e tratar os alimentos”, explica. 
 
Crianças em idade escolar pedem cuidado redobrado. “Nessa idade, o sistema imunológico ainda não está formado” alerta o infectologista Anastácio Queiroz. “Além disso, a boca é a principal porta de entrada para as infecções e nessa idade é comum que a criança pequena leve tudo à boca”, completa.

Confira como diminuir o risco de infecções na infância:

  • Preparar alimentação com água adequada para consumo;
  • Higienizar as mãos antes de manusear alimentos;
  • Evitar o consumo de carnes cruas ou mal passadas;
  • Optar pelo consumo de leite fervido ou pasteurizado.
     
Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.