Motorista de aplicativo inocentado após ser preso vai investir na carreira de cantor

Rubem da Mota Duarte trabalhava como motorista de aplicativo e, sem saber, aceitou corrida com três criminosos que, durante o trajeto, trocaram tiros com a polícia

Escrito por Redação ,
Legenda: Rubem da Mota Duarte
Foto: Foto: Isanelle Nascimento

Após ser inocentado de um crime que não cometeu e pelo qual respondeu por mais de um ano, o motorista de aplicativo Rubem da Mota Duarte, 23 anos, quer voltar a investir na carreira de cantor. O rapaz ainda trabalha dirigindo e, à noite, se dedica à música. “Daqui pra frente vou atrás do que eu quero. Não tem mais nada me prendendo, nada me segurando, agora é criar asas e voar”, assegura. 

Apesar de ter provado a inocência, o episódio acabou interferindo nos planos da carreira de músico. “Tô dando continuidade. Comecei da estaca zero de novo, porque depois de uma coisa dessa você não tem a mesma confiança, o mesmo crédito na praça, mas tô voltando a cantar”, comenta. 

Legenda: Rubem da Mota Duarte
Foto: Foto: Isanelle Nascimento

Cela suja e lotada 

Rubem ficou preso por cinco dias e depois conseguiu o direito de responder ao processo em liberdade, permanecendo com a tornozeleira eletrônica. Sobre a prisão, ele conta as dificuldades.

“Pensei que ia morrer ali... não quero nem relembrar muito como foi lá dentro porque foi muito tenso. Eu tava ferido na perna, com muito medo de infecção, uma cela reduzidíssima, suja e com muita gente. A primeira noite que dormi lá não pude me mexer. Primeiro porque minha perna tava muito ferida, não tinha remédio algum, nada, e tava um ferimento grande aberto. Eu estava sem remédio nenhum, sem espaço nenhum." 

Ferido e com dificuldade de se locomover, o motorista e músico acabou contando com ajuda dos detentos na cela. 

“Quando cheguei, pra tomar um banho, quem me banhou foram os próprios detentos, viram minha situação e eles mesmos tavam me banhando, me ajudando a levantar”, relembra. 

‘Parei minha vida’ 

Usando tonozeleira e se recuperando do tiro na perna, o músico diz que passou meses sem trabalhar. “Parei tudo, parei trabalho, contas viraram bola de neve. Passei uns três meses me recuperando por causa do tiro na perna, logo depois desses três meses eu vi que não podia ficar parado. Falei “vou alugar um carro e vou trabalhar na Uber, não sei como”. Consegui alugar esse carro, consegui trabalhar, consegui pagar minhas contas, renovar minha vida, mesmo estando com a tornozeleira.” 

Prisão e inocência

O episódio que modificou o curso dos planos do músico ocorreu no dia 14 de janeiro de 2018. Rubem foi preso enquanto trabalhava, depois de aceitar uma corrida para três passageiros no bairro Lagoa Redonda, em Fortaleza. Durante o trajeto, uma viatura policial deu ordem de parada ao veículo, momento em que os passageiros sacaram armas de fogo e ameaçaram o motorista. 

Suspeitos e polícia trocaram tiros e Rubem acabou baleado na perna após conseguir sair do carro. Ele conta que saiu do veículo com as mãos para cima quando foi alvejado. Os três suspeitos da ação fugiram e ainda não foram encontrados pela polícia.  

Rubem foi inocentado nesta quarta-feira (28), após um trabalho da Defensoria Pública, que conseguiu reunir provas, como prints do aplicativo de transporte no dia do crime, depoimentos de testemunhas que alegavam a idoneidade do acusado, bem como um estudo aprofundado do processo. 

A determinação foi dada pelo juiz da 1ª Vara do Júri de Fortaleza, Eli Gonçalves Júnior, que extinguiu o processo. 

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