Mercado São Sebastião completa 22 anos movimentando comércio e histórias

Neste domingo (20), 22 anos após o mercado ter sido renomeado em homenagem a São Sebastião, devotos, permissionários e clientes contaram com programação especial, com missa, café da manhã e sorteio de uma motocicleta

Escrito por Theyse Viana , theyse.viana@diariodonordeste.com.br

Não dá para se enganar, é até desrespeito à História: o mercado que todo mundo diz ter completado 22 anos neste domingo “tem, na verdade, muito mais de 100”. O puxão de orelha vem do permissionário mais antigo que se conhece por ali, seu Júlio Saraiva, que já vende frutas e verduras em uma das esquinas do Mercado São Sebastião há quase 40 dos 67 anos de idade, “sem faltar nenhum dia”.

“É feriado, dia santo, Dia dos Pais, Dia das Mães… Não tem negócio não, é todo dia, vida de feirante. Tem dias que eu chego duas horas da manhã aqui. É vida corrida”, diz, com uma energia que parece vir do colorido da enorme variedade de frutas que o cerca.

A história do espaço, assim como o açúcar “garantido” da jaca que descasca com as mãos limpas, está na ponta da língua. “Aqui na rua Dom Jerônimo, antigamente, tinha uma capelinha com um santo, mas a rua foi sendo povoada e o santo começou a incomodar. Aí trouxeram aqui pra essa praça, que se chamava Tereza Cristina, e pronto. Foi o que nomeou o Mercado”, relembra.

Segundo historiadores, a antecessor do São Sebastião foi o Mercado de Ferro, inaugurado em 1897, no espaço onde hoje é a Praça Waldemar Falcão, no Centro de Fortaleza. Após sucessivos desmontes e tendo a estrutura distribuída entre outros mercados da cidade – como dos Pinhões, também no Centro, e da Aerolândia, em bairro homônimo –, foi realizado um novo projeto para o equipamento: em 1997, na gestão do prefeito Juraci Magalhães, abriam-se as portas do Novo Mercado São Sebastião, idealizado pelo arquiteto cearense Fausto Nilo.

Seu Júlio é um dos 2.500 trabalhadores que movimentam comércio e afetos nos corredores do equipamento público, um dos mais tradicionais da cidade, por onde circula uma média 57 mil pessoas por semana. “O mercado hoje pra mim se tornou uma recriação social. Não é mais trabalho. Nesse corredor aqui já passou o mundo: coreano, chinês, americano, gente de todo canto. Mas se eu lhe disser que o melhor freguês é o cearense? É barriga cheia, não é mão fechada!”, defende.

E se, por quaisquer motivos, o mercado precisasse se mudar? Ou até deixar de existir? “Eu penso no coletivo. Cada metro quadrado aqui é uma família tirando seu subsídio. Na minha, tiro o de três famílias. Não é diferente com os demais. Se o mercado acabasse, seria um tapa na cara. O mercado é a minha vida, é uma história e uma lenda viva. Merece uma medalha de honra ao mérito!”

Programação

Neste domingo (20), 22 anos após o mercado ter sido renomeado em homenagem a São Sebastião, devotos, permissionários e clientes contaram com programação especial, com missa, café da manhã e sorteio de uma motocicleta. As atividades tiveram início às 8h, com alvorada de fogos e apresentação musical da banda do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará.

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