Mais de 200 tartarugas nascem e caminham para o mar pela primeira vez em Fortaleza

Os ninhos eclodiram no último fim de semana, nas Praias da Sabiaguaba e Futuro, com auxílio de voluntários do Instituto Verdeluz e do Batalhão de Polícia do Meio Ambiente (BPMA)

Escrito por Redação ,
Legenda: 92 tartarugas nasceram na Praia do Futuro, próximo a uma barraca, no último domingo (24)
Foto: (Foto: Instituto Verdeluz/ divulgação)

Seguindo o fluxo da natureza e de suas vidas, 205 tartarugas caminharam para o mar pela primeira vez, logo após o nascimento, em duas praias de Fortaleza, no último fim de semana. Os filhotes da espécie Tartaruga-de-pente foram acompanhados pela equipe do Instituto Verdeluz, entidade de proteção do meio ambiente, e também pelo Batalhão de Polícia do Meio Ambiente (BPMA). A abertura dos ninhos, como é chamado o “parto” dos animais, aconteceu na Praia da Sabiaguaba, com 113 tartarugas, e na Praia do Futuro, com 92, no último sábado (23) e domingo (24), respectivamente.

Alice Frota, bióloga do Verdeluz, estava presente na Sabiaguaba e pôde ajudar e presenciar o momento, que, conforme ela, já era aguardado. “Monitoramos a praia uma vez por semana em busca de ninhos de tartarugas. Esse ninho do sábado já estava monitorado por nós. Abrimos e percebemos que elas já estavam querendo sair e, com todo o cuidado, deixamos elas seguirem seus caminhos”, aponta a voluntária.

"Por isso, a gente deixa fazerem todo o caminho, porque elas decoram o caminho da praia em que nasceram, caso queiram voltar"

Assim como os primeiros passos de bebês são de extrema importância para o desenvolvimento deles, a primeira caminhada das tartarugas para o mar é essencial. A bióloga ressalta que, caso isto seja privado delas, os animais podem sofrer as consequências no futuro. “Isso pode empatar a vida delas. Por isso, a gente deixa fazerem todo o caminho, porque elas decoram o caminho da praia em que nasceram, caso queiram voltar”, explica Frota. Em publicação no Instagram do Instituto Verdeluz, a equipe divulgou um registro do nascimento e ressaltou a importância de preservar as praias e o meio-ambiente no geral, visto que a poluição impacta diretamente na vidas das tartarugas, principalmente as espécies de-pente, as mais ameaçadas de extinção conforme a União Internacional para Conservação da Natureza, e as mais comuns no Ceará. 

Legenda: Na Sabiaguaba, 113 tartarugas foram para o mar
Foto: (Foto: Instituto Verdeluz/ divulgação)

Além das 113 tartarugas que foram para o mar na Sabiaguaba, outros seis ovos não eclodiram e uma já nasceu morta, o que é comum, segundo Alice Frota. “Esse ninho nasceu bem, porque, geralmente, mais tartarugas nascem mortas. Nós nos impressionamos”, afirma. Além de um bom número ter conseguido viver, este ninho também nasceu antes do esperado.

Ícaro Ben Hur, 20 anos, é um dos voluntários do projeto que esteve presente no nascimento. Ele relata que a equipe estava apenas fazendo uma vistoria de rotina para checar a situação dos ovos, quando foi surpreendida. “A gente chegou lá e eles já estavam nascendo. Ficamos acompanhado todo o processo. Esse não é o primeiro nascimento que eu acompanho. Sempre que posso, acompanho os monitoramentos na Sabiaguaba e na Praia do Futuro”, diz o estudante de Oceanografia, voluntário do Verdeluz há dois anos. 

Os monitoramentos de novos ninhos acontecem uma vez por semana na Sabiaguaba e apenas uma vez por mês na Praia do Futuro, segundo a bióloga Alice Frota, devido a questões de segurança do mar. Nesta última, o acompanhamento é feito com a ajuda do Corpo de Bombeiros do Ceará (CBMCE). No último domingo (24), quando as 92 tartarugas eclodiram na areia, o processo foi visto por banhistas, mas supervisionado por um dono de uma barraca e uma participante do Verdeluz. “A gente já deixa os donos de barraca avisados de toda a questão envolvendo a eclosão, para que eles possam deixá-las caminharem por mar e afastá-las de aglomerações”, pondera Alice. 

Importância ambiental 

Além de lembrarem do caminho de volta para a praia que nasceram, as tartarugas precisam ir para o mar também para manter o equilíbrio na cadeia alimentar marinha. Quando pequenas, elas servem de alimento para vários tipos de peixes e espécies do fundo do mar. “Tirando uma dessas tartarugas da cadeia afeta todo o processo e prejudica muitos outros animais”, pontua Alice Frota

Já na vida adulta, apenas o tubarão consegue comer as tartarugas. A bióloga relembra que elas também são predadoras e, por isso, não podem ser retiradas de seu habitat ou impedidas de chegar até ele. Sobre uma possível volta para as praias de Fortaleza, Alice avalia que isto só será possível daqui há 30 anos, pelo menos, período quando elas vão estar podendo desovar e criar ninhos.

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