Líderes comunitários buscam respostas sobre casas interditadas por risco de desabar no Moura Brasil

Moradores relatam que as obras do Metrô afetaram as estruturas das residências e que a chuva intensificou os danos

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
Legenda: Moradores foram acordados na madruga da sexta-feira para deixarem o local.
Foto: Kilvia Muniz

Moradores do bairro Moura Brasil, em Fortaleza, que tiveram as casas interditadas pela Defesa Civil Municipal, na última sexta-feira (31), esperam parecer técnico para saber quando poderão voltar para suas casas. Apesar do terreno da área estar estabilizado, ainda não há previsão para o retorno dos moradores, conforme a Secretaria da Infraestrutura do Estado do Ceará (Seinfra), órgão resposável pelas obras da Linha Leste do Metrô que ocorrem na área. 

Em pelo menos 21 casas foi identificado risco de desabamento. Uma delas, a da manicure Maria Orlane, de 54 anos, que está em uma das pousadas. “A minha casa chegou a rachar, mas o problema não foi a rachadura foi a estrutura porque houve um estrondo. Quando a sirene alarmou, umas três da manhã, eles vieram batendo palma mandando o pessoal sair”, lembra. Desde então, Maria volta à sua casa diariamente para buscar alguns pertences e conversar com os vizinhos.

O servente Francisco da Silva Gadelha, de 25 anos, mostra as rachaduras que dividem sua casa. “Essa obra ai do Metrofor faz anos que vem prejudicando a comunidade, nem um pingo sobre a erosão que poderia ocorrer, porque tem que ter um trabalho para pensar no redor da construção, né?”, reflete.

No local foram colocadas sinalizações para registrar o tamanho das rachaduras que vem aumentando desde o último dia 24.

Segundo o líder comunitário André Nascimento, de 40 anos, está sendo articulada uma reunião entre as pessoas afetadas pelo problema e os responsáveis pelas obras. “Estivemos em contato com a equipe da Seinfra e do Metrofor em que eles informaram que vão marcar uma reunião para conversar com as famílias. Há sete meses, começou as obras novamente e algumas casas começaram a rachar”, conta.

A gente está pensando de, até terça-feira, ir no Ministério Público abrir um processo para acompanhar mais ainda. Como eles moram há mais de 50 anos eles não querem sair, alguns (outros) estão em casas de aluguel

Outras famílias afirmam que suas casas também foram impactadas pela obras, como garante o decorador Marconde França, de 40 anos.“Tem de marcar uma reunião com as famílias atingidas e o restante das famílias que moram na rua, na encosta da obra, porque a rua toda está comprometida”, frisa.

No momento da interdição pela Defesa Civil, o morador auxiliou os colegas na retiradas poucos materiais que conseguiram levar. “Foi um transtorno muito grande, pessoas idosas e cadeirantes saindo às pressas e preocupadas com seus imóveis e coisas de dentro de casa”

Marconde conta que algumas pessoas ao perceberem rachaduras em suas casas começaram a deixar o bairro por conta própria. “Até a creche que tem na comunidade, devido a essas obras, rachou. A coordenadora estava atrás de um lugar para alugar, só que eles foram lá e disseram que (precisa) só de uns reparos e estão fazendo uma reforma na creche”, acrescenta.

Terreno

A Seinfra informou, por nota, que o "terreno onde estão localizados imóveis já está estabilizado, mas os técnicos continuam analisando as causas do ocorrido e tomando as medidas necessárias para que os moradores possam voltar para casa, o mais rápido possível, com segurança".

Além disso, a Secretaria disse que os todos outros imóveis da rua Adarias Lima, incluindo a creche, estão sendo monitorados e não apresentam riscos aos moradores e, que, "por isso não houve necessidade de interdição". Conforme a Secretaria, as famílias removidas foram levadas para hotéis, pousadas ou casas de parentes e estão recebendo a devida assistência.

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