Grupo com 20 venezuelanos recebe alimentos e roupas em um escola no Dias Macedo

Pais de estudantes se mobilizaram em grupo de Whatsapp para arrecadar doações

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
Legenda: Venezuelanos pedem ajuda nas margens de rodovias em Fortaleza
Foto: FOTO: CAMILA LIMA

Uma iniciativa dos pais de estudantes da escola Ninho das Águias, no Dias Macedo, arrecada roupas e alimentos para um grupo de 20 venezuelanos, entre crianças e adultos, que chegaram no bairro nesta última semana. As famílias chegaram em Fortaleza no último dezembro, depois de passar por Boa Vista, capital de Roraima, e procuram entre os carros o dinheiro necessário para pagar aluguel e alimentação.

Quando soube da situação, a diretora Sheila Santos, de 43 anos, comentou sobre o que estava acontecendo no grupo de Whatsapp dos pais de seus alunos e, desde então, recebe sacolas com doações durante o dia. “Tem bastante criança, algumas delas não tinham calçados, alguns estavam com pouca roupa. Eu fui lá para pegar mais informações do que eles estavam necessitando e, em seguida, eu comuniquei aos pais dos meus alunos”, comenta Sheila sobre o que viu na casa que o grupo divide.

No novo espaço, onde o Sistema Verdes Mares teve acesso, os venezuelanos arcam com o aluguel de R$ 550 por mês. Pela manhã, algumas pessoas ficam em casa lavando roupa e preparando alimentos com um fogão e botijão de gás que foram doados. Os moradores não deram detalhes sobre como chegaram em Fortaleza, e utilizam um dialeto local para se comunicar além do espanhol. Por volta de 5h, parte do grupo busca ajuda nas ruas do Dias Macedo e na BR-116.

Acompanhado da filha e com uma placa em que pede dinheiro, um rapaz de 23 anos que preferiu não se identificar conta que veio para o Brasil porque estava complicado sobreviver em Tucupita, capital do estado de Delta Amacuro. “Na Venezuela não tem dinheiro para comprar arroz, é muito difícil”, relata. Até chegar na capital cearense, a família passou por vários estados brasileiros. “De barco, fomos para Belém. Depois de duas semanas fomos para o Maranhão. Eu tenho duas filhas e uma mulher, nós alugamos uma casa para dormir”, relata.

Sheila conta com a ajuda de um dos venezuelanos para se comunicar com o grupo. ”Ontem eu fui lá conversar com eles, no sábado até convidaram a gente para tomar um café juntos. Então, eles não precisam só de doação, de roupa e de alimento, mas eu creio que de um pouco de atenção também”, acrescenta.

Ela começou a ler e pesquisar sobre a situação no país em crise desde que teve contato com os venezuelanos. “Eu comecei a me interessar agora, muita coisa eu evito como vídeos que são muito sofridos. Algumas coisas eu sabia, que eles estavam passando por uma crise na Venezuela, que algumas pessoas morriam de fome mesmo”, destaca.

Por nota, a Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) informou acompanhar a situação dos imigrantes venezuelanos em Fortaleza e ter articulado serviços de saúde e regularização documental. "São feitas visitas periódicas para sensibilizar sobre direitos e deveres aqui no Brasil, especialmente no que se refere à proteção de crianças e adolescentes", diz a pasta. 

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