Frota de ônibus tem 30% dos veículos disponíveis em Fortaleza e Região Metropolitana 

Por medida de segurança e falta de escota policial, porém, nem todos estes estão circulando normalmente. Passageiros relataram espera de até duas horas por transporte público.

Escrito por Redação ,

Após um dia inteiro de ataques a ônibus, equipamentos públicos e agências bancárias, a frota de ônibus disponível em Fortaleza e Região Metropolitana (RMF) nesta sexta-feira (4) foi reduzida a 30%, o que representa quase 600 veículos. Por medida de segurança, porém, nem todos estes estão circulando normalmente. 

A operação dos ônibus disponíveis depende do reforço garantido pela polícia, de acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), Dimas Barreira. “Quando o dia começou, 100% da frota estava disponível. Mas os ataques recomeçaram, e os motoristas tiveram que fugir, desviando do itinerário”, explica. 

Para circular pelas vias, os motoristas aguardam a chegada de viaturas. A expectativa do Sindicato é de que os quase 600 veículos disponíveis estejam operando até às 9h15, aproximadamente. 

Espera

Acordar mais cedo para tentar chegar ao trabalho no horário certo foi em vão para a funcionária de um hotel na Avenida Beira Mar, Francisca Edna, que chegou às 5h na Estação do BRT na Av. Bezerra de Menezes, no Otávio Bonfim, mas quase duas horas depois ainda não havia conseguido embarcar. “Precisava estar no trabalho às 6h, mas não sei como vou fazer. Vou ver aqui o que os patrões vão fazer, se vou pagar um transporte ou voltar pra casa”, lamenta. 

Os passageiros que saem de Caucaia para Fortaleza também enfrentam dificuldades para chegar à Capital. A frota de ônibus metropolitana também foi reduzida na manhã desta sexta-feira, medida sentida pela cabeleireira Catiana Cruz, 35. “Vim da Estrada Velha de Cumbuco e trabalho na Unifor. Saí 6h15, mas consegui chegar só na Bezerra de Menezes, de topique. Tô tentando Uber, mas tá caro demais, não vale a pena. E não posso faltar, porque seria um dia inteiro sem ganhar um centavo”, relata.

A opção pelo transporte de aplicativo foi a única possível para a enfermeira Irioneide Rodrigues, 39, que precisou juntar um grupo de pessoas para dividir os custos de um carro particular. “Fica difícil, porque deixo minha paciente sozinha. Se eu não for, ela fica com fome e com sede. Há quase uma hora espero o 86 (Bezerra de Menezes/Santos Dumont). Agora vou gastar dinheiro sem ter, melhor do que faltar”, declara.

Durante grande parte da manhã de hoje, nenhum coletivo municipal circulou nas avenidas Bezerra de Menezes, Domingos Olímpio e Antônio Sales, três grandes vias com faixa exclusiva para ônibus na Capital. Na Av. Perimetral, próximo à Godofredo Maciel, muitos carros e nenhum coletivo.

Enquanto algumas paradas estavam lotadas, outras esvaziaram, devido à desistência dos passageiros em seguir esperando. Foi o caso da Av. Aguanambi, onde o técnico em contabilidade Wilton Ferreira aguardava transporte em uma parada sem movimentação por cerca de duas horas. O valor do Uber, segundo ele, estava “o triplo do comum, custando até R$ 150”.

Já em uma parada de ônibus no Hospital do Coração, na Av. Frei Cirilo, que liga o Centro ao bairro Messejana, os passageiros reclamavam da redução na quantidade de coletivos. As técnicas em enfermagem Cristiane da Silva, Clara Gomes e Luzineide Sousa estavam deixando o plantão da unidade de saúde e lamentaram a espera de mais de uma hora pelo ônibus.

Elisângela Silva chegou à parada de ônibus na Avenida Domingos Olímpio pouco depois das 7h, onde aguardou por uma hora e meia até conseguir um veículo para ir ao trabalho, no Náutico. Por volta de 8h30, os ônibus começaram a circular na via, no sentido Antônio Bezerra/Papicu. As linhas 074, 076, 079 e 222 foram vistas operando com poucas unidades, todas lotadas. As linhas 038, 071 e Topic 03 também foram vistas circulando, porém, sem escolta policial. 

Segurança

Com os ataques, além os transtornos para locomoção, a segurança se impôs como preocupação para a população. “Me sinto com medo, insegura, porque não sabe o que pode acontecer. Tem deles que mandam a gente descer pra tocar fogo nos ônibus, outros nem esperam”, disse Edna. “Segurança não existe. Se existisse, não aconteceria isso”, completou Irioneide.

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