Filho de Portinari lança livro de poesias escritas pelo pintor na Universidade de Fortaleza

A obra faz parte da programação dos 40 anos do Projeto Portinari e apresenta uma nova faceta do artista

Escrito por Redação ,
Legenda: O filho único do pintor, João Candido Portinari, proferiu a palestra “Candido Portinari: Um Homem, Um tempo, Uma Nação”
Foto: Kid Junior

Conhecido pelo legado que deixou como pintor, o paulista Candido Portinari também se revelou por outra faceta bem menos conhecida dos brasileiros: a poesia. Seus versos estão selecionados no livro “Poemas de Portinari”, cuja nova edição foi lançada, ontem à noite, no Auditório da Biblioteca da Universidade de Fortaleza. 

O evento contou com a presença do único filho do pintor, João Candido Portinari. Ele conferiu a palestra “Candido Portinari: Um Homem, Um tempo, Uma Nação” para plateia formada por gestores da instituição, a exemplo do vice-reitor de Extensão, professor Randal Pompeu, estudantes, professores e admiradores do artista.

Organizada por Letícia Ferro, Patrícia Porto e Suely Avellar, a nova edição é fruto de parceria entre o Projeto Portinari e a Funarte. “Poemas de Portinari” foi publicado pela primeira vez em 1964 pela Livraria José Olympio Editora e, anos depois, numa segunda edição, ambas esgotadas rapidamente. Reúne cerca de 190 poemas escritos, sobretudo, no fim da vida do artista, falecido em 1962. Segundo o filho, ele pintava o dia inteiro, enquanto houvesse luz natural, e depois se recolhia para criar os versos.

“O próprio Carlos Drummond de Andrade já dizia que Portinari vivia poesia na própria pintura, muito antes de ele começar a escrever poemas”, relata João.

Para o filho, uma das razões do início desse processo de escrita foi a melancolia. “Por motivos pessoais e também pelo fato do tipo de pintura que ele fazia. A partir da década de 1950, chegou uma arte diferente, e os pintores que tinham uma mensagem social e humana foram um pouco empurrados fora da cena”. 

Ilustrações 

Nesta edição comemorativa aos 40 anos de criação do Projeto Portinari, o diferencial são as ilustrações do pintor relacionadas aos seus poemas. Vale ressaltar que a primeira edição não foi ilustrada, pois o artista não queria aproveitar-se de ser um pintor afamado para vender o livro.

A obra é dividida em três partes: a primeira contempla a alegria do menino no interior paulista; a segunda traz os medos da infância; e a terceira, de cunho social, aborda a revolta que o homem feito sentiu ao se dar conta dos horrores da fome e da miséria; ainda há uma quarta parte extra, Odes, na qual Portinari faz homenagens poéticas.

“É muito interessante o que João Candido faz com o legado de Portinari. Ele conseguiu fazer uma coisa inédita ao reunir todas as obras e os documentos que envolvem a memória do pintor”, celebrou o professor Randal Pompeu. 

Preservar 

Durante a palestra, João Candido Portinari ressaltou a importância do trabalho do Projeto Portinari, iniciado em 1979, para salvaguardar a memória do pai. O acervo reúne obras, documentos, cartas e textos sobre a trajetória de Portinari. Além disso, João se reportou à vida e obra de Portinari, ao trabalho do Projeto e sua mais recente iniciativa, o “Projeto Guerra e Paz”. 

O filho de Portinari adiantou ainda que os painéis “Guerra” e “Paz” serão expostos em Milão com autorização da Organização das Nações Unidas (ONU). João Candido revelou ainda que pretende trazer as obras para o Nordeste.
 

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