Famílias do Moura Brasil precisam aguardar pelo menos dois meses para retornar a casas interditadas

Durante o período estipulado para a entrega dos imóveis, moradores devem receber benefício de mil reais

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
Legenda: A casa de Dona Maria José foi interditada pela Defesa Civil Municipal em janeiro (31) por risco de desabamento

Após a interdição de casas no Bairro Moura Brasil pela Defesa Civil Municipal, no dia 31 de janeiro, os moradores seguem, há 15 dias, sem poder retornar para suas residências. A Associação dos Moradores da Comunidade Moura Brasil declarou que o dinheiro para alugueis de casas ou quartos de pousadas destinados às 26 famílias afetadas começa a ser liberado nesta sexta-feira (14), por meio de um contrato que prevê prazo de 60 dias para as casas serem recuperadas e devolvidas aos proprietários. 

O Consórcio FTS Linha Leste, responsável pela ampliação do metrô de Fortaleza, juntamente com a Seinfra e as famílias impactadas com o risco de desabamento das casas, entraram em acordo para o recebimento de um benefício de R$ 1.000 para cada núcleo familiar. Com esse dinheiro, deverão alugar um local temporário para permanecerem até que os lares da Rua Adarias de Lima sejam reconstruídos. 

Segundo o líder comunitário André Nascimento do Moura Brasil, de 40 anos, a primeira proposta do Consórcio era no valor de R$ 520,00, mas foi recusada pelos moradores. Em contraproposta, o FTS aceitou acrescentar R$ 480,00, fechando nos mil reais. Independentemente das famílias estarem residindo em pousadas ou em casas de parentes, todas receberão o auxílio, assim explica André. Para ele, o contrato é uma garantia de que o acordo será cumprido. 

“Eles também vão dar um caminhão de mudança e contratar pessoas para montar e desmontar os móveis”, acrescenta.

Em nota, a Secretaria da Infraestrutura do Ceará (Seinfa) afirma estar acompanhando a assistência do consórcio FTS Linha Leste às famílias retiradas dos 21 imóveis. “As negociações e eventuais acordos são realizados diretamente entre os moradores e o consórcio que executa a obra”, finaliza. 

Impactos

A rachadura nas paredes, nos pisos e nas calçadas são avisos constantes do risco de desabamento das 21 residências no Moura Brasil e, enquanto os moradores aguardam pela reforma prometida, precisam lidar com a separação abrupta que tiveram de suas rotinas. Aqueles que possuíam animais, não puderam sequer levá-los para as pousadas provisórias onde foram colocados. 

“Foi muito difícil para todos, porque eles tinham uma vida pacata dentro de casa. Ficavam com os animais, na calçada, conversando com a família e agora alguns idosos estão em estado depressivo, porque querem voltar para casa”, afirma André.

Dona Maria José da Silva, que nasceu e cresceu no Moura Brasil, diz que vai pagar R$ 500,00 reais de aluguel, e o restante do dinheiro vai ser usado para água, luz e alimentação. Como medida temporária, o auxílio do consórcio é positivo, mas “enquanto não voltarem para casa, não vão se sentir bem. Podem estar em um palacete, mas os moradores não vão estar bem”, pontua o líder comunitário.

No entanto, neste período de espera, nem todos os moradores estão tendo facilidade para encontrar uma residência temporária. Se por um lado, Dona Maria José já conseguiu alugar uma casa na Rua do ABC, próximo ao seu lar da Rua Adarias de Lima, por outro, essa realidade não se reflete para todos os moradores. Dona Galdino, 75 anos, por exemplo, ainda não conseguiu encontrar um local apesar de sua procura. Segundo a aposentada, os proprietários não assinam contrato por dois meses, só por um ano.

As fissuras nas paredes datam do início das obras de construção da Linha Leste do Metrô de Fortaleza, conforme relatos dos moradores, e as chuvas do final de janeiro contribuíram para agravar os riscos de desabamento. De acordo com a Seinfa, “os técnicos continuam monitorando o terreno, que está estabilizado, e tomando as medidas necessárias para que os moradores possam retornar, o mais rápido possível, com segurança”.

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