Faltam vacinas para sarampo, caxumba e rubéola em postos de todas as regionais de Fortaleza

Imunizações tríplice e tetra viral, integrantes do Calendário Nacional, não são encontradas por usuários há cerca de duas semanas; clínicas particulares também confirmam estoque zerado

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: Tríplice viral integra o calendário obrigatório de vacinação, prevenindo contra sarampo, caxumba e rubéola
Foto: FOTO: FABIANE DE PAULA

Pelo menos 15 bairros de todas as Regionais de Fortaleza enfrentam a falta das vacinas tríplice e tetra viral, que protegem contra sarampo, caxumba e rubéola. Em algumas unidades, as imunizações já estão com estoque irregular há duas semanas.

A reportagem confirmou a ausência em pelo menos seis clínicas particulares e em postos dos bairros Rodolfo Teófilo, Meireles, Barra do Ceará, Messejana e Jacarecanga; e usuários relatam a falta em localidades como Antônio Bezerra, Autran Nunes, Bom Jardim, Conjunto Ceará, Genibaú, Parquelândia, Parangaba, Granja Lisboa, Centro e Bairro Ellery. 

Por meio de assessoria de comunicação, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) afirma que as doses recebidas do Ministério da Saúde (MS) são repassadas a cada município, sendo deles a responsabilidade de abastecer os postos. 

A Secretaria Municipal de Saúde Fortaleza (SMS) afirmou que a responsabilidade sobre a escassez de imunizações é do Governo Federal, que tem repassado quantitativos insuficientes para a demanda. A Pasta declarou, ainda, que “a falta da matéria-prima para produção da vacina”, o que gera a falta de doses nos postos, “é uma questão nacional”, mas que a gestão municipal da cidade tem tentado contornar o problema, “redirecionando doses para postos com maior demanda”.

A procura da auxiliar administrativa Thais Andrade, 36, pela tríplice viral para o pequeno Arthur, de 11 meses, se tornou uma peregrinação. “Procurei em clínica particular, não tinha. Fui aos postos Paulo Marcelo, Dona Libânia, Carlos Ribeiro e um no Bairro Ellery, também não tinha. A funcionária de um deles me disse que não tem previsão até dezembro”, preocupa-se. “Fico desesperada, nem sair com meu filho tô saindo”, desabafa Thais.

Preocupado com a exposição do filho de 1 ano e 4 meses ao retorno do sarampo, o vigilante Francisco Vitor Santos, 34, também não conseguiu imunizá-lo. “Fomos nos postos Guarany e Dom Lustosa (ambos no bairro Granja Lisboa) e não deram nem previsão. Meu menino tem até outra vacina atrasada, que também tá faltando. Geralmente, nas campanhas, de uma hora pra outra chega, né?”, ironiza.

Já o MS se limitou a listar números, mas não respondeu com precisão se os repasses ao Ceará estão irregulares. Segundo a Pasta federal, "foram compradas recentemente 47,4 milhões de doses da vacina tríplice viral, quantitativo atualmente disponível no mundo, para garantir a vacinação de 39 milhões de brasileiros". Outras "37 milhões de doses serão distribuídas aos estados até dezembro."

Sobre o Ceará, o MS diz que o Estado recebeu 80 mil doses da tetra viral em 2019, para “atender a vacinação de rotina”. “A maior parte das doses para 2019 serão destinadas à Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo, que ocorrerá de forma seletiva e em duas etapas: de 7 a 25 de outubro, para crianças de seis meses a menores de 5 anos. O dia D – dia de mobilização nacional –  acontecerá em 19 de outubro; e a segunda etapa, de 18 a 30 de novembro, com foco na população de 20 a 29 anos. O dia D ocorrerá em 30 de novembro”, informa a nota.

Nada foi informado sobre a tríplice viral.

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