Estruturas deterioradas são comuns na Barra do Ceará; Crea-CE diz que problema é 'crônico'

Um acidente envolvendo um píer levantou a discussão da manutenção das estruturas entre a Barra do Ceará e o Rio Ceará. Conselho Regional de Engenharia critica a falta de conservação de estruturas públicas

Escrito por Redação ,
Legenda: O acidente envolveu um grupo de pessoas que estavam fazendo um passeio de barco pelo local
Foto: Foto: Natinho Rodrigues

Além do píer que caiu e deixou, pelo menos, sete pessoas feridas, na manhã desta quinta-feira (25), outras estruturas na praia da Barra do Ceará encontram-se deterioradas. A situação de outros píers e até da própria Ponte José Martins Rodrigues, popularmente conhecida como "Ponte sobre o Rio Ceará" ou “Ponte da Barra” preocupa pelo estado aparente.

As estruturas apresentam pontos rachados, enferrujados, deteriorados e sujos. Apesar do estado aparente, Rennys Frota, secretário da Regional I, órgão responsável pela administração daquela região, garantiu que as manutenções são feitas “com frequência”. Mas ele não soube precisar a periodicidade dos procedimentos preventivos. Rennys ainda informou que o píer envolvido no acidente passou por uma manutenção em 2019.

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE) tomou conhecimento do incidente, mas encontrou dificuldade em localizar o engenheiro responsável pela obra. “Procuramos internamente localizar se existe algum engenheiro responsável pela construção, mas não conseguimos identificar porque como o píer fica na água, não tem como precisar o endereço. Então, teria que antes ser feito um levantamento, para mapear e localizar a responsabilidade técnica”, complementa Emanoel Mota, presidente do Crea-CE.

“Eu acho que essa questão do píer e de outras estruturas da cidade vão além de propriamente a atuação de um profissional de engenharia, além da fiscalização do CREA. Eu acho que isso é um problema crônico da cidade, que é a falta de manutenção dos equipamentos. Fala-se muito em construir, em criar pontos de lazer, hospitais, mas não se escuta falar em conservação dos equipamentos já existentes”, destaca o presidente do conselho regional.

“A própria ponte do Rio Ceará não tem manutenção adequada, dá para ver postes com luz queimada, meio-fio arrancado, armadura exposta. É um grande problema. A gente precisa embutir na população, nos nossos políticos, essa cultura de manutenção”, finaliza Emanoel. Em outubro de 2018, uma equipe do Diário do Nordeste esteve na Ponte da Barra e encontrou problemas como buracos, placas de cimento soltas no passeio de pedestres e rachaduras na estrutura.

A ponte é o cenário de Francisco Castro de Lima, barqueiro, que trabalha na Barra do Ceará há 45 anos, mas ele revela o momento de apreensão vivido durante a queda do piér — Francisco ajudou no resgate das vítimas. “Nunca tinha visto isso na minha vida. Fiquei traumatizado, mas na hora a gente tem que entrar em ação. Ninguém pode ficar 'pela emoção' e ficar parado vendo o pessoal morrer afogado, não. Tem que pular na água e ir para cima", comenta o barqueiro.

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