Enclausuradas, irmãs Carmelitas encontram a família no domingo de Páscoa

As freiras veem a família, amigos e outros fiéis em geral após a missa em datas especiais e em um domingo de cada mês

Escrito por Redação ,

O domingo de Páscoa é, para muitos, dia de rever os familiares. Para os parentes e amigos das freiras carmelitas, que escolheram e encontraram no enclausuramento e paz e a proximidade com Deus, o dia é não só de reencontro, mas também de pedir bênçãos e orações àquelas que dedicam seus dias a orar pelo mundo.

Hoje é uma das datas especiais nas quais as irmãs Carmelitas podem conversar com familiares, amigos e fiéis em geral pelo locutório, uma espécie de janela gradeada que as separa do mundo externo, logo após a missa. Fora essas solenidades, como Páscoa, Natal e o Dia de Santa Teresinha, celebrado em 1º de outubro, as irmãs também podem encontrar os familiares no locutório um domingo a cada mês.

Além do locutório principal, as irmãs podem ver a família e outras pessoas mais próximas em um espaço mais reservado, também com um locutório, segundo a madre Bernadette, que é a priora, nome que a designa como representante das outras 12 enclausuradas no convento. A mais velha tem 90 anos e a mais nova, 21.

Pedido de aconselhamento

Entre um fiel e outro que se aproxima do locutório para conversar com a madre, a madre explica para a reportagem que as pessoas costumam ir até elas para pedir aconselhamentos. Assim, ela e as outras freiras rezam e colocam os pedidos em suas intenções. "As pessoas procuram o Carmelo, às vezes elas só querem manifestar, só querem alguém que as escute. A gente acolhe os pedidos de oração e os apresenta diante de Deus", diz a madre Bernadette.

Mas as orações não se limitam aos pedidos. Preocupadas com os problemas do mundo, como a fome, a violência, a crise política e econômica, elas também pedem a Deus por essas questões. As informações, que chegam por familiares, amigos e pelo pouco acesso que elas têm à mídia, "as auxiliam a formar um pensamento crítico acerca de determinados assuntos e orar por eles", explica.

Vocação religiosa

Uma delas, irmã Teresinha, conta que escolheu a vida no Carmelo há 19 anos e que, desde pequena, tem vocação religiosa forte graças à família. Ela conta que, no Carmelo, o dia começa às 4h30 e se encerra por volta das 20h, com dois recreios, sendo um após o almoço e outro depois do jantar. "O nosso primeiro alimento é Jesus" explica.

Sobre as visitas, ela explica que os parentes vêm quando pode. "A minha família é de Itapipoca, então eles não podem estar aqui no primeiro domingo ou no segundo domingo, mas quando eles vêm a gente comunica e a priora dá a licença para a gente conversar com eles no locutório".

"A gente reza por pessoas que nem sabem que nós estamos rezando por elas e o nosso dia-a-dia é vivendo de amor, rezando pela humanidade e temos também os nossos trabalhos. As pessoas acham que é muito difícil, mas não é não. Desde que você 'abrace' algo com amor, nada é difícil", conta irmã Terezinha. Logo pela manhã, elas assistem à missa e o dia se segue com atividades de cozinha, coparia e limpeza, além de outros ofícios manuais como a fabricação de velas.

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