Desorganização atrasa entrega de proteína para crianças alérgicas a leite, denunciam mães

Famílias cadastradas no Alergia à Proteína do Leite de Vaca voltam para casa sem receber o Neocate. No mercado convencional, lata custa R$ 250,00

Escrito por Redação ,
Legenda: Germana Lopes conseguiu receber a lata de Neocate para a filha Jaisley Lopes após longa espera
Foto: Ricardo Mota

À meia-noite desta segunda-feira (9), Germana Lopes saiu de Acaraú, em um ônibus da prefeitura, junto com a filha de um ano, Jaislei Lopes Sousa, até Fortaleza. O trajeto de aproximadamente 238 km é realizado mensalmente pelas duas para buscar cinco latas de Neocate, composto de aminoácidos totalmente livre de leite e derivados, indicado para crianças que são alérgicas à proteína do leite de vaca. Contudo, não é sempre que elas voltam para casa com o Neocate: segundo relatos, a entrega do alimento especial estaria falha e os pais chegam a perder dias inteiros esperando e tendo de sair do local de distribuição de mãos vazias. A proteína é vendida no mercado por R$ 250,00 a lata.

Jaisley Lopes está cadastrada no programa Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV). O serviço implantado pela Secretaria da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) atende crianças com suspeita ou diagnóstico da alergia. Recentemente, a entrega da proteína, que era realizada na própria Sesa, na Praia de Iracema, foi transferida para o Centro de Saúde Meireles. Contudo, segundo as mães, após a mudança de local, o processo tornou-se desorganizado.

"O pior é que as mães vêm se arriscando. Não há nenhum aviso prévio de que o leite será distribuído. Não há organização na previsão de compras", explica Aline Saraiva, presidente da Associação Famílias e Amigos de Crianças com Alergia Alimentar. De acordo com ela, a demanda de famílias que precisam dessa proteína é superior a cinco mil no Ceará, contudo apenas metade recebe o alimento.

Ricardo André da Silva conta que teve de se ausentar dois dias do trabalho para buscar o leite do filho, Ricardo André Filho. A esposa de Silva, Ana Gabrielle, lamentou ter de 'perder' um dia inteiro à espera da fórmula e, ao fim, não ser atendida. "Tá um caos a entrega do leite. A gente chegava no horário marcado e recebia. Quando foi transferido (o local da entrega), virou um terror. A gente passa o dia inteiro esperando e quando dá cinco horas (da tarde), eles encerram. Temos que voltar no outro dia", explicou Ana Gabrielle.

"Eles mudaram, mas não deram as condições mínimas de acomodação para as famílias. Muitas delas chegam ao local com crianças recem-nascidas e não há organização", ressaltou Aline Saraiva. 

Sem 'descontinuidade'

A mudança do local de entrega foi para facilitar o acesso e qualificar o atendimento ao paciente, segundo a Sesa. A Secretaria da Saúde do Ceará informou, em nota, que não houve qualquer descontinuidade no programa APLV. Segundo a Pasta, a iniciativa atendeu a 2.978 crianças no mês de agosto, com a dispensação de 19.476 latas de fórmula para as famílias beneficiadas no estado. Dentre os pacientes que integram o programa, 1.159 crianças receberam 8.919 latas da fórmula Neocate durante o último mês de agosto.
 

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