Defensoria Pública solicita melhorias na comunicação com mães de bebês internados no HGCC

Mães relatam proibições de visitas e falta de informações por parte do hospital sobre bebês internados

Escrito por Redação ,
Legenda: No Brasil, 69,3% da mortalidade infantil (até 1 ano de idade) ocorrem no período neonatal (até 28 dias)
Foto: Fotos: Kid Júnior

Após denúncias de falta de comunicação, a Defensoria Pública do Estado do Ceará oficializou e realizou uma reunião com o Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), na sexta-feira (15), para solicitar uma série de medidas a fim de melhorar o atendimento às mães, cujos filhos recém-nascidos estão internados.  

 

Segundo a defensora e supervisora do Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas, Mariana Lobo, pelo menos três mães denunciaram a falta de informações sobre os filhos nascidos durante a pandemia do novo coronavírus, no HGCC. “São mães que deram à luz, tiveram alta, mas os bebês precisaram ficar internados”, explica.

Para evitar a transmissão, vários hospitais têm adotado medidas mais restritivas em relação ao contato direto, porém, “elas [mães] alegaram que, houve muita dificuldade de comunicação, por parte do hospital, sobre os bebês”.

Uma das mãe denunciantes da situação é a empregada doméstica Luiza (nome fictício), de 23 anos. Grávida de 34 semanas, Luiza foi orientada a procurar o HGCC para ter o primeiro filho, no final de abril. “Quando cheguei lá, já foram logo me informando dos novos protocolos de atendimento, meu companheiro não ia poder ficar no hospital, precisei ficar direto com luvas e máscaras, o médico ficava a um metro de distância pra falar e quando era o momento do exame eu tinha que ficar em silêncio, não poderia perguntar nada. Mas o pior, foi receber alta e ter que deixar a minha bebê lá”, relata. 

A mãe conta que só pegou a filha no colo pela primeira vez depois de dez dias do parto, quando a recém nascida teve alta. “Como ela nasceu prematura, precisou ficar na UTI . Eu só a vi uma vez. Fiquei uns 20 minutos analisando o corpinho dela, depois a levaram. Eu pedia pra ficar lá junto dela, mas eu não podia porque estaria ocupando o leito de outra pessoa. Nos dez dias que ela ficou lá, eu não pude visitar, ficava esperando alguém do hospital entrar em contato comigo para dizer alguma coisa, mas isso não aconteceu. Todas as vezes que tive notícia da minha filha foi porque eu fui atrás”, lembra.

Além do HGCC, outras maternidades também foram oficializadas em decorrência de denúncias, mas, “quando entramos em contato, percebemos que eram apenas erros de comunicação”. “A questão do HGCC é que havia imposições. O hospital era o único que não permitia nem a entrada do pai, nem a visitação da mãe através do vidro do berçário”, afirma a defensora pública Mariana Lobo. 

Reunião

Conforme Mariana, a reunião para acordar soluções e medidas ocorreu junto com a também defensora Jeritza Braga, supervisora do Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (Nudem), e Yamara Lavor, supervisora do Núcleo de Defesa da Saúde (Nudesa), além do diretor do HGCC, Antônio Eliezer Arrais Mota Filho, médicos, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros do núcleo neonatal do hospital.

“O diretor nos explicou que as imposições foram geradas devido aos vários casos de covid-19 no hospital e que não haveria condições das mães fazerem a visitação remota, mesmo que de longe, por causa da estrutura física do local”, diz. 

Contudo, a argumentação da defensoria foi baseada na lei em que a mãe tem o direito de ver e obter notícias após o nascimento do filho. “Então, nós acordamos que iria ser tomadas medidas pensando em facilitar esse acesso às informações, como o aumento da equipe de psicólogos e assistentes sociais, a ampliação do horário de conversação com a equipe médica para ter informações dos respectivos filhos”. 

Além disso, também foi recomendado o uso da tecnologia para repassar informações dos recém nascidos para a família. “Tirar foto e fazer videochamada em casos possíveis, com todos os cuidados para que isso não seja prejudicial ao bebê”, pondera Mariana. O hospital deve começar a implantar as novas medidas nesta quarta-feira (20).

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