Com greve de professores, crianças de Caucaia estão sem aula há duas semanas

A categoria está em greve desde a última quinta-feira, 14. Famílias estão improvisando para dar conta da rotina dos filhos em casa

Escrito por Redação ,
Legenda: Amanda, 9 anos, está estudando em casa com a ajuda da mãe, Josilene da Silva
Foto: Almir Gadelha

Escolas da rede municipal de ensino de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), estão com atividades paradas desde a última quinta-feira (14), devido a greve de professores. Em consequência, crianças estão ficando em casa aprendendo de maneira improvisada.

Josilene da Silva é mãe de Amanda, 9 anos, e Emanuel, 5, alunos da Escola Edmar Vieira Guerra. Ela relata que a rotina dos dois está muito difícil, o que os deixa ansiosos. "Eles estão estressados e mal humorados. Não tenho estrutura para passar o dia com eles. Eles não interagem e a diferença de idade complicada também", relata, em entrevista ao Sistema Verdes Mares. 

"Eu já contava com o lanche de graça na escola e agora estou gastando pra comprar aqui pra casa. Era algo que me ajudava muito"

Outro fator que pesa na balança é o financeiro. No colégio, os meninos recebem merenda: Amanda à tarde e Emanuel pela manhã. Em casa, os gastos estão aumentando. "Eu já contava com o lanche de graça na escola e agora estou gastando pra comprar aqui pra casa. Era algo que me ajudava muito", afirma Josilene, que também disse "inventar novas tarefas" para ocupar a mente das crianças.

Líderes comunitários pedem que a Prefeitura de Caucaia atenda às reivindicações da categoria, que reivindica reajuste de salários e cumprimento do Plano de Cargos e Carreiras do Magistério. A classe também denuncia condições precárias de trabalho e funcionamento das escolas municipais e ainda pede a contratação de profissionais de apoio escolar, entre eles porteiros, merendeiras e auxiliadores de serviços gerais. "As crianças ficam ansiosas, hiperativas. Nós estamos cobrando da Prefeitura que coloquem em dia e dê o aumento para os professores porque as crianças  e as familias estão sendo penalizadas", pontua Adriano Martins, liderença comunitária na cidade. 

De acordo com nota enviada pela Prefeitura de Caucaia, o município é referência no que diz respeito a piso salaria e conformidades com a lei. "A Prefeitura de Caucaia tem investido na valorização de todo o funcionalismo público municipal, em especial de professores, desde o início da atual administração. Em dois anos, os educadores tiveram os salários reajustados ao todo em 14,64%. O aumento foi de 7,64% em 2017 e de 7% em 2018 em relação aos anos anteriores, respectivamente. Essas medidas fazem com que a média salarial da categoria esteja há três anos acima do Piso Nacional do Magistério e seja a melhor do Ceará. Caucaia supera, inclusive, Fortaleza", diz o texto. 

Sobre o Plano de Magistério, a Prefeitura aponta que "abriu uma série de concessões, muitas delas completamente ignoradas por gestões anteriores", com destaque para ampliação da educação infantil. 472 novos professores foram empossados nos primeiros meses de gestão do atual prefeito Naumi Amorim (PMB).

Ilegalidade da greve

Decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) decretou ilegalidade da greve. A definição diz que os professores entraram em greve durante as tratativas de negociação entre sindicato e prefeitura. 

Conforme o decreto, a categoria deve retonar "imediatamente às atividades, sob penal de multa diária de R$ 5 mil em caso de descumprimento". A determinação entra em vigor após o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sindsep) ser notificado. 

Ato em frente a Prefeitura

Foto: Divulgação/ Sindisep

Os servidores municipais realizaram manifestação na porta da sede da Prefeitura de Caucaia na quinta-feira (28) pedindo o atendimentos das demandas dos profissionais. Com o aumento pedido negado, a classe protestou contra uma resolução para a questão salarial. No ato, representantes da assessoria jurídica, de acordo com o Sindsep, se reuniram com os professores e afirmaram que existe o estudo de uma possibilidade de rejuste maior que o 1% que a Prefeitura se comprometeu, mas menor que os 4,17% pedidos pela categoria. 

 

 

 

 

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