Ceará tem dois novos casos prováveis de microcefalia por Zika

Neurologista do Hospital Infantil Albert Sabin revela que os casos registrados em Fortaleza e Aratuba estão em investigação, mas são associados à Síndrome Congênita do Zika Vírus

Escrito por Theyse Viana / Barbara Câmara ,
Legenda: Uma vez que o vírus e o mosquito transmissor continuam circulando, a previsão é de que os casos da arbovirose continuem sendo identificados, assim como a Zika congênita.
Foto: Foto: Natinho Rodrigues

Três anos após a epidemia do vírus Zika que acometeu o Ceará, o Estado apresenta indícios de uma possível nova manifestação da doença. Duas crianças cearenses foram diagnosticadas com microcefaliae a relação com a Síndrome da Zika Congênita foi confirmada pelo neurologista do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), André Luiz Santos. 

Os dois diagnósticos estão relacionados a uma criança de Aratuba, nascida no fim de 2018, e outra de Fortaleza, que nasceu em fevereiro de 2019. Conforme o médico, como não foi realizado exame laboratorial a tempo, o diagnóstico é feito por meio de análises clínicas, por isso os casos estão dentro da nomeclatura dos "prováveis". "Pelo Ministério da Saúde, o paciente é confirmado quando tem exame laboratorial. Daí cria-se um grupo dos prováveis, que a gente sabe que é Zika Congênita, mas não tem mais a chance de confirmar laboratorialmente”, explicou o médico. 

Sobre o diagnóstico, André Luiz Santos revelou que é feito por meio da análise da radiologia e a exclusão de outras STORCHs (Sífilis, Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus e Herpes). "Poderia ser Zika, mas tinha sorologia para CMV (Citomegalovírus), que é a causa mais comum de microcefalia infecciosa, e a imagem mostra que é mais CMV", exemplificou André Luiz.

O médico explica que para serem publicados no boletim epidemiológico, há um atraso, um tempo de avaliação dos casos. “É difícil confirmar, porque a criança já chegou aqui com quatro meses. Mas ele é Zika Congênita, padrão completamente compatível, com exclusão de outras STORCHs. Mas fica como se fosse em investigação”, detalhou o médico. 

André Luiz acrescentou que o Hias tem 150 pacientes cadastrados com microcefalia. No entanto, cerca de 70% ficam nos casos prováveis, ou seja, aqueles que não passaram por exames laboratoriais dentro do tempo devido. “A criança chegou fora de uma faixa etária que a gente tivesse acesso aos exames que confirmassem”, acrescenta Dr. André. 

As novas possíveis manifestações da doença devem-se ao fato de que, em 2015 e 2016, a infecção foi ampla e teve uma maioria de casos assintomáticos. “O que deve ter acontecido: quase toda a população foi infectada, e houve uma resposta imunológica ao vírus. Depois da epidemia, a tendência foi cair. Mas é óbvio que não quer dizer que não vai acontecer de novo”, ressalta. 

A reportagem do Diário do Nordeste entrou em contato com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) para questionar sobre o número de casos de microcefalia confirmados e prováveis entre 2018 e 2019, mas ainda não obteve respostas. 

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