Cagece dividirá rede de Fortaleza em leste e oeste; A cada 24 horas, uma das regiões terá menos água

Em alguns locais da cidade, como em pontos altos e na periferia, é possível até que falte água nas residências

Escrito por Áquila Leite ,

A partir de agosto, os moradores de Fortaleza terão que se acostumar com menos água em casa, pelo menos em alguns dias da semana. Isso porque, objetivando garantir o abastecimento do Estado até março do ano que vem, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) iniciará um plano para restringir o uso da água na Capital, que terá sua rede dividida entre leste e oeste. Em um dia, uma das regiões terá menos pressão nas torneiras, enquanto que, 24 horas depois, será a vez do outro lado da cidade. Assim, em alguns pontos da rede, é possível até que falte água nas residências, pois não haverá pressão para encher as caixas d'água.

As informações foram dadas nesta terça-feira (21) pelo secretário dos Recursos Hídricos do Estado do Ceará, Francisco José Teixeira. De acordo com ele, uma possível falta de água vai depender do bairro em que as pessoas moram. “Nos dias em que a pressão for menor, a tendência é que a água não suba (para a caixa d’água) nas extremidades da rede. Isso deve acontecer nas partes mais altas de Fortaleza e na periferia”, conta. Ele pontua, porém, que o mesmo problema não acontecerá nas casas que possuem cisterna.

Ainda conforme o secretário, o chamado plano de contingência da Cagece é uma necessidade para atingir a economia de 20% de água no Estado, meta estabelecida pelo governo estadual para garantir o fornecimento até o próximo inverno. “Já conseguimos economizar 10% por conta da tarifa de contingência, da sobretaxa, e por conta também do esforço que a Cagece e o Cogerh fizeram na restrição da oferta de água e na retirada de vazamentos”, explica.

Francisco José Teixeira admitiu que o objetivo principal das ações da Cagece é realmente a busca por um uso mais racional da água. Dessa forma, ele diz que o plano que será implementado em agosto pode sim ser chamado de racionamento.

Cagece só vai se pronunciar após plano

Em contato com a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), a empresa informou que só irá falar sobre o assunto após a entrega do Plano de Racionamento à Autarquia de Regulação, Fiscalização e controle dos Serviços Públicos de Saneamento Ambiental (Acfor). O documento exigido pela agência reguladora deve ser entregue até o fim do mês de junho.

Castanhão com 8%

A situação do abastecimetno de água no Ceará é cada vez mais crítica. Isso porque a escassez de chuvas vem afetando de forma severa os açudes, inclusive o Castanhão, o maior do País. Na semana passada, o volume apresentava apenas 8.89% de sua capacidade total, segundo boletim da Cogerh, sendo o pior índice registrado em 12 anos.

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O volume médio dos reservatórios chegou a apenas 12,7% e dos 153 monitorados pela Companhia, 120 estão com volume inferior a 30%. Com a possibilidade de chuvas ainda menor para o segundo semestre do ano, uma das ações em fase de estudo é a alta da tarifa de contingência, que hoje é de 10%.

Água até março

Conforme o governo, o objetivo maior é garantir água até março de 2017, período em que a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) prevê o início de um boa quadra chuvosa no Estado. Até lá, porém, a preocupação é constante por parte de todos. 

“O cenário do segundo semestre (deste ano) é de pouca ou nenhuma chuva. Climatologicamente, quando a gente olha o passado as chuvas são escassas. E quando a gente avalia o interesse que é gerar escoamento superficial para aportar água aos reservatórios, fica perceptível que não são meses de escoamento superficial. O normal é março e abril, período que chove acima de 250 mm, de maneira geral”, afirmou recentemente o presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins.

Com informações do colunista José Maria Melo

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