Após diagnósticos errados, cearense que descobriu câncer raro alerta para sinais pouco comuns

Experiência indica importância de profissional especialista na definição de como conduzir o tratamento

Escrito por Redação ,
Legenda: Marília Pimentel passou, nesta terça-feira, pela última das baterias do tratamento
Foto: Arquivo pessoal

A supervisora de programas Marília Rodrigues Pimentel, de 33 anos, começou a sentir dores intensas no peito, após o Carnaval. Durante três meses, passou por diferentes médicos e várias ultrassonografias, exames e diagnósticos sem definição. Até chegar a uma resposta definitiva: o incômodo era fruto do carcinoma inflamatório, um tipo de câncer de mama raro, que imita sintomas de inflamação. 

As conclusões errôneas de profissionais, junto à sua mentalidade de que não estava com uma doença agressiva, contribuíram para a demora no diagnóstico. "Eu deveria ter confiado no primeiro médico que citou o carcinoma, mas a gente nunca quer aceitar a notícia ruim. Meus exames sempre voltavam sem indicação de câncer maligno", conta. 

As dores começaram em março deste ano. A princípio, Marília não deu importância, pois estava se baseando no ditado popular de que "câncer de mama não dói", que sempre ouvia de outras pessoas. 

Mas a constante piora, com fortes dores na axila e no peito, a fizeram procurar a primeira ginecologista. "Ela fez o exame do toque e disse que não era nada, que se tratava de uma inflação, a mastite, e passou um antibiótico e ultrassom. No exame não acusou nenhum nódulo e o parecer acabou sendo um processo inflamatório infeccioso benigno", relata Marília.

Desconfiança

Já tomando uma combinação de antibióticos e sem melhora no quadro de saúde, a supervisora de programas procurou um mastologista, médico com especialidade em mamas, e teve o primeiro contato com a doença rara. "O médico insistiu em fazer o toque de novo, eu resisti porque os meus exames nunca apontavam nódulos e aí ele falou que isso podia ser o carcinoma inflamatório. Eu fiquei louca, saí destruída do consultório", desabafa a mulher. 

Legenda: Marília reitera o desejo de ajudar outras mulheres que passam pela mesma situação. "É preciso ter mais atenção"
Foto: Arquivo pessoal

Em maio, já com dois meses sentido fortes dores, Marília procurou outros mastologistas e ginecologistas. Uma das médicas, ao ver a situação, deu um ultimato para ela: "'Porque você ainda está aqui e não começou seu tratamento?'". 

Uma biópsia foi requerida e no dia 3 de junho veio o diagnóstico correto. "Levei para um mastologista e ele me confirmou. Não teve como não chorar, mas ele me passou muita segurança. Ele olhou pra mim e disse: 'confie, você vai ver como esse câncer vai ficar bem pequenininho'", relembra Marília.

Tratamento 

Desde o diagnóstico, a cearense passou por 16 sessões de quimioterapia: 12 do tipo branca e quatro do tipo vermelho, mais agressiva. Nesta terça-feira (22), ela fez a última das baterias do tratamento. 

A supervisora de programa diz que espera "muito em breve" poder voltar a praticar seu hobby favorito, a dança, com vigor, e publicar no Instagram. Com a doença, ela desenvolveu um quadro severo de anemia, mas já vem recuperando a vitalidade após transfusões de sangue. "Hoje já estou mais ativa e, agora, vou começar a segunda etapa que é a cirurgia". 

Auto-estima 

Para as retirada das mamas, ela conta que se prepara psicologicamente com terapia. "Mexe com a nossa auto-estima, além de mexer com nossa imunidade. Tem dias que a gente tá ótima, mas tem dias que estamos muito pra baixo. Ver meu cabelo caindo atinge muito. E também a quimioterapia, que é muito forte, mas eu já estou melhorando", explica. 

No mês da conscientização sobre o câncer de mama, Marília reitera o desejo de ajudar outras mulheres que passam pela mesma situação. "Nós mulheres nos preocupamos muito com a questão do toque. Eu, todos os dias, fazia o toque, mas como meu câncer não tem nódulos, eu não sentia nada. Tem que valorizar o mastologista, que tem a expertise da mama. É claro que é bom ir para ginecologista, mas é preciso ter mais atenção", alerta. 

Conscientização 

Nesta terça-feira e nesta quarta-feira (23), o Sesc, por meio do sistema Fecomércio-CE e o Senac, oferecem corte de cabelo gratuito aberto ao público para quem quiser doar os fios, ajudando na confecção de perucas para mulheres com câncer. Os cabelos serão doados à Associação Toque de Vida no próximo dia 29 de outubro para encerrar a campanha de conscientização. 

O corte está sendo feito por alunos do curso de cabeleireiro do Senac e é realizado na sede do Sesc Fortaleza, na rua Clarindo de Queiroz, no Centro da Capital. As perucas beneficiarão pacientes do Instituto do Câncer do Ceará (ICC). 

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