20% dos pacientes com novo coronavírus no Ceará estão internados; 2 receberam alta

De acordo com o secretário da Saúde, Dr. Cabeto, 40 pessoas estão internadas com Covid-19. Dez estão em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs)

Escrito por Lívia Carvalho e Mylena Gadelha , metro@svm.com.br
Legenda: Pacientes em estado grave são tratados com cloriquina e hidroxicloriquina nas unidades hospitalares
Foto: Foto: Nah Jereissati

O Ceará tem dois pacientes que estavam internados com o novo coronavírus e receberam alta. Ambos são idosos com mais de 80 anos. No Estado, 40 pessoas estão internadas por conta da doença e 10 delas estão em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) em estado grave, de acordo com informações do secretário da Saúde Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, Dr. Cabeto. Conforme último boletim divulgado pela secretaria, na tarde desta terça-feira (24), são 185 casos confirmados no Estado

[Atualização às 20h10, de 24/03/20] O Sistema Verdes Mares noticiou anteriormente que dois pacientes com coronavírus estavam curados. A informação correta é de que os pacientes tiveram alta hospitalar e estão em casa se recuperando da doença. 

"Cerca de 8 [dos 10] estão em ventilação assistida e com quadros mais complexos, alguns deles já melhorando. A gente tem monitorado diariamente todos eles. Estamos identificando o perfil dessas pessoas, de onde eles vieram, que contato eles tiveram, que comorbidade eles tiveram", afirmou em entrevista ao Sistema Verdes Mares.

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Os pacientes em estado de saúde moderado a grave estão sendo tratados com a hidroxicloriquina e a cloriquina, substâncias normalmente usadas para o tratamento de doenças como a malária e o lúpus. A azitromicina também está sendo usada no tratamento, assim como outras substâncias que estão sendo estudadas pelos profissionais da saúde. 

No domingo (22), foi divulgado que hospitais do Ceará começaram os testes com as substâncias. Mas Dr. Cabeto alerta para o uso somente nas unidades hospitalares devido ao risco de efeitos colaterais. 

Segundo o secretário, a maioria dos pacientes infectados é do sexo masculino e tem mais de 60 anos, além de ter uma outra doença associada, como a diabetes. Cerca de 80% dos casos são moradores dos bairros Meireles, Papicu, Aldeota e Varjota.

 

Estratégias

O Governo Estadual passou a adotar medidas contra a proliferação do novo coronavírus no Ceará no último dia 16 de março, quando foi decretado estado de emergência na saúde pública, e as aulas foram suspensas em escolas e universidades públicas por 15 dias. Além disso, ficaram proibidos eventos com mais de 100 pessoas. 

Logo depois, o Executivo anunciou a compra de 5 mil kits para diagnosticar os casos de Covid-19 no Estado, elevando esa aquisição apra mais de 10 mil dias depois. Na data, o governador Camilo Santana também anunciou a destinação de 200 leitos para enfermaria e 30 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para atender aos pacientes suspeitos e eventualmente confirmados com a doença. 

Esses números subiram já no dia seguinte, quarta-feira (18), quando foi anunciada a compra de 600 UTIs e equipamentos de proteção para os profissionais da saúde. Além disso, o governador pediu o isolamento social, uma das medidas mais enérgicas até então. 

"Meu apelo é que todos permaneçam em casa nos próximos quatro dias", disse o governador Camilo Santana, em live em suas redes sociais. 

À época, 11 casos estavam confirmados no Ceará. 

Fechamento de comércio

Com o aumento dos casos confirmados e suspeitos, Camilo Santana publicou decreto para o fechamento de bares, igrejas, restaurantes, barracas de praia, shoppings, cinemas, lanchonetes e demais estabelecimentos comerciais não essenciais no Ceará por 10 dias. A medida passou a valer na sexta-feira (20), seguindo até o próximo dia 29. 

O transporte intermunicipal no Estado e a circulação de metrô e VLTs foram suspensos. Foi decretado ainda o fechamento das divisas com outros Estados e o ponto facultativo dos servidores estaduais foi prorrogado. 

O que fecha: 

  • Bares, restaurantes, lanchonetes e estabelecimentos congêneres 
  • Templos, igrejas e demais instituições religiosas; 
  • Museus, cinemas e outros equipamentos culturais, público e privado; 
  • Academias, clubes, centros de ginástica e estabelecimentos similares; 
  • Lojas ou estabelecimentos que pratiquem o comércio ou prestem serviços de natureza privada; 
  • Shopping center, galeria/centro comercial e estabelecimentos congêneres, salvo quanto a supermercados, farmácias e locais que prestem serviços de saúde no interior dos referidos dos estabelecimentos; 
  • Feiras e exposições; 
  • Indústrias, excetuadas as dos ramos farmacêutico, alimentício, de bebidas, produtos hospitalares ou laboratoriais, obras públicas, alto forno, gás, energia, água, mineral, produtos de limpeza e higiene pessoal, bem como respectivos fornecedores e distribuidores. 

O que não fecha: 

  • Órgãos de imprensa e meios de comunicação e telecomunicação em geral 
  • Serviços de call center 
  • Estabelecimentos médicos, odontológicos para serviços de emergência, hospitalares, laboratórios de análises clínicas, farmacêuticos, psicológicos  
  • Clínicas de fisioterapia e de vacinação 
  • Distribuidoras e revendedoras de água e gás 
  • Distribuidores de energia elétrica 
  • Serviços de telecomunicações 
  • Segurança privada 
  • Postos de combustíveis 
  • Funerárias 
  • Estabelecimentos bancários 
  • Lotéricas 
  • Padarias 
  • Clínicas veterinárias 
  • Lojas de produtos para animais 
  • Lavanderias 
  • Supermercados/congêneres 

Isenção de taxas

Com a interrupção do comércio e serviços e a medida de isolamento, o Governo decidiu suspender a cobrança da taxa de contingenciamento da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e isentou famílias de todo o Estado do pagamento das tarifas social e popular do consumo de água. As iniciativas têm validade de 90 dias e devem beneficiar mais de 1,5 milhão de pessoas durante a pandemia de coronavírus no Ceará. 

"Essa é uma medida importante pois garante que famílias de baixa renda possam ficar mais tranquilas. São medidas para proteger a população mais pobre do Ceará", avaliou o governador.

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