11 escolas são afetadas por novos limites de Fortaleza

Divisão territorial aprovada pelo Governo do Estado, em janeiro, mudou a competência da gestão. O início do período letivo se avizinha, mas alunos, responsáveis e funcionários ainda têm dúvidas sobre as atividades.

Escrito por Redação ,

A Escola Municipal Jornalista Durval Aires, segundo os pais, já está pronta para receber os estudantes para mais um ano letivo. O problema é que a unidade de ensino não está realizando matrículas de novos alunos, como informa um aviso fixado na entrada, e nem sabe como as atividades pedagógicas serão organizadas. Tudo resultado da indefinição quanto à gestão da escola. 

Até o início deste ano, a competência era da Prefeitura de Maracanaú. Contudo, a Lei 16.821, sancionada pelo Governo do Estado no dia 9 de janeiro deste ano, atualizou de vez os limites intermunicipais de todas as cidades cearenses. Pela nova divisão, nove escolas de Maracanaú devem passar para Fortaleza, e duas sofrem o processo inverso.

O eletricista Samuel Pereira até buscou uma vaga para o filho de 15 anos no Durval Aires, mas se deparou com a situação incomum. “Os pais estão todos voltando pra casa sem saber o que fazer. Nem a Secretaria de Fortaleza nem a de Maracanaú resolvem nada. Já vão começar as aulas e nada. Sugeriram que eu procurasse vaga em Fortaleza; perto daqui só lá no Pantanal (Planalto Ayrton Senna), mas não tem vaga. Aqui tem, mas não estão matriculando”, lamenta.

Há semanas, a moradora do Planalto Ayrton Senna, Rosângela Borges, tenta matricular a filha de 14 anos no 7º ano do Ensino Fundamental. As tentativas em duas escolas próximas à residência se mostraram infrutíferas. 

“Enquanto isso não se resolve, as crianças vão ficar sem estudar. Me mandaram procurar outra escola. Mas onde? Só se eu for mais pra lá, pro Montese, Serrinha. Ou então Maracanaú, que também é longe. Tendo escola pertinho de casa, ela vai ter que pegar ônibus?”, questiona.

Logística

Conforme Ademir Távora, coordenador da Escola Maria Rochelle da Silva, mais três unidades do bairro Cidade Nova, em Maracanaú, foram afetadas: Durval Aires (escola e anexo), Maria Marques Cedro e Heitor Villa Lobos. Os outros estabelecimentos de ensino ficam no Siqueira, em Fortaleza, e no bairro Alto Alegre, em Maracanaú.

“Pelo que entendemos, Fortaleza está tendo dificuldades em recebê-las devido a toda a logística de botar funcionário, equipamento, merenda… São oito escolas, é um volume muito grande, não é brincadeira. Só de funcionários, são cerca de 300, juntando professores, cozinheiras, secretários e porteiro”, descreve. Além disso, as mudanças de administração implicam ainda na transferência de alunos. Só na Escola Maria Rochelle, estudam cerca de 500 crianças e jovens, do Ensino Infantil ao 9º ano. Cada um precisaria ter seu histórico escolar preparado manualmente. “Agora, multiplique por nove”, sugere Távora, referindo-se à quantidade de alunos impactados no Município de Maracanaú.

Mesmo diante das incertezas, o tempo não para de correr. Na rede municipal de Maracanaú, as aulas estão programadas para ter início na próxima terça-feira, 29 de janeiro. Aos responsáveis que vêm procurando a unidade para efetuar matrículas, a coordenação da escola repassa que pode ocorrer o adiamento da data por causa da transição.

Prorrogação

Por isso, o coordenador financeiro afirma que já fechou balanços de merenda escolar, prestação de contas e o inventário dos materiais pertencentes à escola. “Nós, de Maracanaú, já estamos preparados para entregar a escola. Isso deve se resolver logo porque os dois municípios estão preocupados por causa das crianças. A situação também demanda rapidez para não prorrogarmos o ano letivo até dezembro ou janeiro”, explica.

Além dos estudantes e responsáveis, as novidades vêm preocupando alguns funcionários. Com as modificações, eles ainda não sabem como serão realocados. “Ninguém sabe pra onde a gente vai”, comentou um profissional que preferiu não ser identificado.

Reunião

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação de Maracanaú declarou que as duas Prefeituras se reúnem, desde 2016, para que seja realizada a transição das escolas. “O município está no aguardo da decisão do município de Fortaleza para repassar estas unidades escolares, bem como receber a escola que será incorporada à rede municipal de Maracanaú”, afirma.
Já a Pasta de Fortaleza (SME) informou que está sendo agendada uma nova reunião entre os dois órgãos para tratar sobre o assunto. “Mais informações poderão ser repassadas após essa reunião”.

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