1º de abril é celebrado em Fortaleza com festival de humor 

Em tempos de “fake news” e outras histórias delicadas, o tradicional Festival de Mentiras movimenta a Praça do Ferreira nesta segunda

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@diariodonordeste.com.br
Legenda: O humorista Zebrinha apresenta o Festival de Mentiras no ano passado, na Praça do Ferreira

A tradição de se contar mentiras no dia 1º de abril sempre teve, salvas algumas exceções, um tom de brincadeira. Surgido na França do século XVI, o costume agora ganha contornos mais delicados, desde que o fenômeno das “fake news” (notícias falsas) se fortaleceu nas últimas campanhas e debates políticos.  

Em Fortaleza, o dia ainda traz seu apelo humorístico. Nesta segunda (1º), às 17h, na Praça do Ferreira (Centro), acontece a 31ª edição do Festival de Mentiras. Organizado pelo humorista Zebrinha (nome artístico de Jader Soares), o encontro recebe inscrições gratuitas, a partir das 16h, de qualquer pessoa que queira contar mentiras em público.

A premiação é simbólica e ironiza a escassez de recursos com a qual se faz cultura no Ceará. O primeiro colocado receberá R$ 1; o segundo, 50 centavos; e o terceiro, 25 centavos. O público presente avaliará, com aplausos, vaias, dentre outros gestos, a performance de cada “mentiroso”.  

“O cara sobe no palco, conta sua historinha e o público que avalia a história, aponta quem ganha. A função do festival é não deixar morrer a cultura humorística do Ceará. Por isso, também, o valor do prêmio: é uma maneira de levantar a crítica sobre a falta de apoio pra cultura no Estado”, antecipa Zebrinha.  

Indagado se, nos dias de hoje, a sociedade já não vive em um festival diário de mentiras, por conta da popularidade das “fake news” nas redes sociais, o humorista pondera sobre o apelo da mentira.  

"Acho que as mentiras devem ser sadias, interessantes. Que seja uma história bem bolada, mas só uma gozação. Que batam em algumas verdades cruciais do País, mas que nunca sejam pra enganar as pessoas, e sim para alertá-las”, sugere.  

Zebrinha retomou a realização do festival em 2006. Fundador do Museu do Humor Cearense (Benfica), ele fazia referência à história do “Cajueiro Botador”, da Praça do Ferreira, no espaço museológico.  

Para dar novo fôlego ao evento mentiroso, Zebrinha passou a realizar o festival debaixo do cajueiro histórico - conhecido pela fama de render cajus o ano inteiro. A árvore foi plantada em 1990, no mesmo local onde o primeiro cajueiro foi cortado, em 1920. Neste período, a primeira versão do Festival de Mentiras era organizado por comerciantes da Rua Floriano Peixoto. 

Origens 

O 1º de abril tornou-se o dia da mentira por conta de uma brincadeira surgida na França, durante o reinado de Carlos IX (1560-1574). No início do século XVI, o Ano Novo era comemorado dia 25 de março, com a chegada da Primavera. As comemorações se estendiam, assim, até 1º de abril.  

O Papa Gregório 13 instituiu um novo calendário em 1562, o famoso “calendário gregoriano”. Resistentes, alguns franceses não aderiram logo à mudança e mantiveram a comemoração da passagem do ano na data anterior.  

O grupo resistente passou a ser ridicularizado pelos adeptos do calendário gregoriano, recebendo apelidos como “os bobos de abril”. Dessa forma, o 1º de abril ganhou contornos de piada e o deboche em torno da data se perpetuou. 

Serviço 
31º Festival de Mentiras 

Nesta segunda (1º), às 17h, debaixo do cajueiro histórico da Praça do Ferreira (Centro). Acesso gratuito. As inscrições devem ser feitas 1h antes do evento.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados