Óleo afeta balneabilidade de, pelo menos, seis municípios do Ceará

Conforme boletim divulgado pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), sete praias estão inaptas a serem utilizadas pelos banhistas. Especialista avalia as consequências geradas a partir do problema

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
Legenda: Mais de 100 localidades de oito estados do Nordeste foram afetadas pela substância
Foto: FOTO: INSTITUTO VERDELUZ

Após a dispersão de um óleo escuro e pegajoso pelo litoral do Nordeste, desde o início de setembro, sete praias do Ceará não estão adequadas para banhistas, segundo boletim de balneabilidade extraordinário divulgado ontem (1º) pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace). No levantamento anterior, com amostras do mês de julho, todas as áreas tinham condições aconselháveis para atividades de esporte e lazer. 

A Semace examinou amostras de água do mar de 35 praias, colhidas na última quinta-feira (26). No Litoral Oeste, cinco delas estão impróprias para banho: Cumbuco, em Caucaia; Taíba, em São Gonçalo do Amarante; Paracuru, no município homônimo; além de Flexeiras e Mundaú, em Trairi. No Litoral Leste, das 17 praias monitoradas, duas tiveram parecer desfavorável: Porto das Dunas, em Aquiraz, e Pontal de Maceió, em Fortim. 

“Embora os valores de coliformes termotolerantes estejam dentro dos critérios estabelecidos, os pontos de amostragem foram considerados impróprios em função da presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive esgotos sanitários, óleo, graxas e outras substâncias”, afirma o documento.

De acordo com Renan Guerra, integrante do Laboratório de Geologia e Geomorfologia Costeira e Oceânica (LGCO) da Universidade Estadual do Ceará (Uece), o material que vem impactando as praias nordestinas é derivado do petróleo. “Esse tipo de substância pode chegar a causar irritações de pele. É um dos aspectos que pode ser tido como impacto, que pode ser associado à exposição desse tipo de mancha”, avalia o especialista.

Animais

A maior problemática, contudo, conforme Renan Guerra, é como esse produto atinge a vida marinha. “Teve uma série de animais que já foram afetados, como tartarugas marinhas, que podem ser impactados, trazendo problemas que podem levar até ao óbito desses animais”. E justifica: “como essas manchas de óleo ficam na superfície, esses animais podem ser mais rapidamente impactados”.

O boletim mais recente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), publicado no último domingo (29), afirma que duas tartarugas e uma ave foram afetadas pelo óleo ao longo do litoral cearense. Dos répteis, uma foi encontrada “oleada” na Praia de Malhada, em Jijoca de Jericoacoara, e outra na Praia de Sabiaguaba, em Fortaleza. As duas já foram achadas sem vida. A ave, identificada pelo Ibama como Bobo-pequeno, foi encontrada na Praia de Cumbuco e também não resistiu aos danos causados pela substância. Ao todo, no Nordeste, já são 11 animais com reflexos do derramamento de óleo no oceano; só três sobreviveram . Já o Instituto Verdeluz, que acompanha os casos no Ceará, contabiliza 13 animais afetados.

Embora tenha apresentado casos de morte de animal e presença da substância nas suas areias, Jericoacoara não figura no boletim da Semace como um município com praias atingidas. A tartaruga marinha morta, por exemplo, foi encontrada no dia 24 – apenas dois dias antes das coletas nas praias cearenses.

Origem

De acordo com o Ibama, uma análise feita pela Marinha e pela Petrobras indicou que a substância encontrada nos litorais trata-se de petróleo cru. A Petrobras também informou que o material não é produzido pelo Brasil. Ainda segundo o Ibama, 114 localidades de oito estados do Nordeste (exceto a Bahia) já foram afetadas.

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