Número de ambulâncias para atuação é reduzido

A quantidade de veículos disponibilizados para realizar os atendimentos leva em conta o índice demográfico das regiões, de acordo com o Ministério da Saúde. O cálculo, no entanto, gera discussões, uma vez que especialistas acreditam que ele deveria ser feito baseado no número de atendimentos

Escrito por Redação ,

Das 34 ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Fortaleza, 15 estão sem funcionar devido a problemas mecânicos, atualmente. De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), a capital cearense recebe, em média, 40 mil ligações por ano e tem, hoje, 19 veículos para atender a todas as sete regionais, incluindo a do Centro. Uma situação parecida já havia sido noticiada há pouco mais de um ano pelo Diário do Nordeste, quando 16 carros estavam inoperantes. A SMS não informou a previsão de quando as ambulâncias sairão das oficinas.

Além da quantidade de veículos disponíveis para realizar o socorro necessário ser reduzida - o que impacta no tempo em que a equipe chegará ao local do chamado - a restrição quanto ao número de socorristas força as equipes a darem prioridade a ocorrências de maior gravidade.

O Ceará tem uma frota de 89 ambulâncias e duas motolâncias em atividade para realizar a cobertura terrestre de 136 municípios cearenses. A Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) afirmou, no entanto, que todas as regiões têm cobertura aérea garantida. A pasta contabiliza 35 carros reservas, caso haja algum problema nos que rodam todos os dias.

Atendimentos

Conforme a Sesa, até agosto deste ano, o Samu Ceará realizou 30.989 mil atendimentos. Em 2017, foram realizados 42.606 mil. Em média, o Samu Ceará recebe mais de mil chamados por dia.

O chefe de transportes do Samu Fortaleza, Rômulo Ferreira, afirma que a intensa rotina de atendimentos nas mais diversas áreas da cidade faz com que os veículos apresentem problemas constantes na suspensão e no freio, por conta da condições das pistas dos locais onde as equipes são chamadas. "É um carro que roda 24 horas por dia, que só tem quatro horas para a troca de plantão e uma hora de almoço. Vive nas oficinas porque roda muito, e por atender em locais em que a pavimentação não é regularizada. É um desgaste maior", assegura

Ele declara que as reclamações quanto a demora na chegada das equipes aos locais solicitados se dão por conta do número atual de socorristas, que considera insuficiente. "A demanda é alta, e a frota é pequena por falta de contingente. Nós estamos com deficiência de pessoas para compor os carros. Tem dias que nós temos carros montados no apoio que ficam parados por falta de pessoas", reclama.

A professora do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC), Magda Almeida, defende que o número de veículos deve ser baseado na quantidade de chamados, não da população, como recomenda o Ministério da Saúde.

"Nós estamos em uma cidade violenta, que tem acidentes, ferimentos por arma branca. Precisamos ter mais ambulâncias rodando". Ela relata que o Samu emprega profissionais com vínculos precarizados, o que acaba descentralizando os atendimentos. "Geralmente, os que estão lá fizeram concurso para outros setores. Deve-se ter uma equipe treinada e homogênea", opina. (Colaborou Itallo Rocha)

"É um carro que roda 24 horas por dia, que só tem quatro horas para a troca de plantão e uma hora de almoço"

"Vive nas oficinas porque roda muito, e por atender em locais em que a pavimentação não é regularizada"

Rômulo Ferreira
Chefe de Transportes do Samu

arte

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados