Novas regras diminuem o número de cesáreas

No Ceará, em 2015, foram registrados 75.236 cesáreas, e em 2016 o número diminuiu para 72.380

Escrito por Patrício Lima - Especial para Cidade ,
Legenda: Apesar da diminuição no Estado, a média de 57,48% em 2016, ainda está acima da média nacional , segundo a Secretaria de Saúde
Foto: Foto: Astaffolani/Wikimedia Common

Pela primeira vez após 7 anos, o número de partos cesarianos na rede pública e privada não cresceu no país, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde (MS). De acordo com o estudo, a curva ascendente de cesáreas caiu 1,5 pontos percentuais em 2015. Dos 3 milhões de partos realizados no Brasil, 55,5% foram cesáreos e 44,5%, partos normais.

Considerando apenas partos no Sistema Único de Saúde (SUS), a situação se inverte e o número de partos normais é maior, sendo 59,8% e 40,2% de cesarianos. Em 2016, a tendência de estabilização se mantém com o mesmo índice de 55,5% (dado preliminar).

Já no Ceará, no ano de 2015 foram registrados 75.236 cesáreas e em 2016 o número diminuiu para 72.380 partos cesarianos. Apesar da diminuição no Estado, a média de 57,48% no ano de 2016, ainda está acima da média nacional, segundo a Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa). "Desde 2011 o Ministério da Saúde, juntamente com as secretarias estaduais e municipais, vem trabalhado para diminuir o número de cesárias, com o lançamento da Rede Cegonha, que construiu Centros de Parto Normal; qualificou maternidades de alto risco; incrementou a presença de enfermeiras obstétricas na cena parto, entre outras melhorias", destaca Silvana Napoleão, supervisora do Núcleo de Saúde da Mulher, Adolescente e Criança.

Orientação

Ela ressalta, ainda, que as novas diretrizes terapêuticas para cesariana implementadas em 2016, trazem novos parâmetros que devem ser seguidos pelos serviços de saúde. "Atualmente, cerca de 87% dos partos no Ceara são realizados na rede pública. A medida visa auxiliar e orientar os profissionais da saúde a diminuir o número de cesarianas desnecessárias, uma vez que o procedimento, quando não indicado corretamente, traz inúmeros riscos, como aumento da probabilidade de surgimento de problemas respiratórios para o recém-nascido e grande risco de morte materna e infantil", diz.

A Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac), referência no atendimento de gestantes no Estado, em 2016 realizou 5.163 partos, sendo 55,7% partos normais, o que mostra um novo cenário comparado a outros anos, onde as cesarianas era campeãs entre a gestantes. Além de ter um custo menor do que a cesárea, o parto normal tem uma media de permanência reduzida na maternidade, para no máximo 24h, o que impacta na recuperação da mãe e do bebê. Esse foi um dos motivos para a advogada Thays Cruz optar pelo parto normal.

Ela foi um pouco mais além, ao escolher a sua própria casa para dar à luz a sua pequena Cecilia Cruz, há quase dois anos. "Eu estava programada para fazer cesárea, mas com a gestação descobri uma visão diferente do parto normal. Consultei um novo obstetra e me preparei mental e fisicamente para a tarefa. Confiei no meu corpo e deu tudo certo. Tive uma equipe incrível de doula, obstetra e enfermeiros que ajudaram para que esse dia fosse inesquecível", salienta.

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