Nova greve de motoristas pode ser decretada hoje

Nem a convenção coletiva, com mediação da Superintendência Regional do Trabalho, levou à conciliação

Uma nova greve de motoristas, cobradores e fiscais do transporte público de Fortaleza poderá ser decretada hoje. Depois da tentativa de uma convenção coletiva entre o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Ceará (Sintro) e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), que não chegou ao consenso, o presidente do Sintro, Domingo Gomes Neto, disse que teme que a categoria vote, em assembleia, pela paralisação, já que o Sindiônibus está irredutível quanto ao reajuste de salário dos funcionários.

"O meu medo é que os trabalhadores não tenham mais paciência de esperar um acordo. Já entramos no terceiro mês de negociações e os patrões não ofereceram nada para a categoria laboral. Já foi difícil segurar a classe hoje (ontem), quando fez uma manifestação no terminal do Papicu. Tivemos dificuldades de convencer os motoristas a não paralisarem porque eles não estão satisfeitos. Amanhã (hoje) é provável que se discuta uma nova greve".

A reunião, mediada pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Ceará (SRTE/CE) que foi convocada pelas partes para intermediar o conflito, deveria discutir a proposta de reajuste de 7,3% sugerida pela SRTE e alteração no vale-alimentação de R$ 5,00 para R$ 6,50, o que não aconteceu.

Suspensão

O superintendente regional do Trabalho e Emprego no Ceará, Papito de Oliveira, disse que achou prudente suspender, temporariamente, as negociações para que as categorias acalmassem os ânimos. Ele acrescentou que o caminho é construir um meio termo entre as propostas dos dois sindicatos.

O Sintro lembra que ainda é preciso rever a jornada de trabalho e convênio médico. A advogada do Sintro, Eliana Ferreira, lamenta que, mais uma vez, não se tenha chegado a um denominador comum, mas acredita que a continuidade das negociações é possível. Sobre o impasse do percentual de reajuste, Eliana justifica que os 45% pedidos pelo Sintro são resultado das perdas salariais dos trabalhadores nos últimos anos e que a categoria já votou pela manutenção dos 15%. "É momento de a classe patronal apresentar uma contraproposta", destaca.

No entanto, o Sindiônibus diz que não tem condições de aumentar o salário em um percentual acima de 5,5%, a não ser que haja aumento da passagem de ônibus, o que penalizaria a população. "O problema é a diferença entre as propostas apresentadas pelos dois sindicatos", diz o advogado do Sindiônibus, Cleto Gomes.

PELO ACORDO
Tentativas vêm desde abril

As negociações entre o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Ceará (Sintro) e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus) acontecem desde abril deste ano. Sem chegar a um acordo, a classe laboral decidiu pela greve dos motoristas, cobradores e fiscais do transporte público de Fortaleza, que teve início no dia 8 de junho de 2010 e durou 16 dias.

O Sindiônibus ingressou com duas ações na Justiça do Trabalho, uma cautelar inominada no Tribunal Regional do Trabalho e um Interdito Proibitório em vara do trabalho. Em 26 de maio, os sindicatos firmaram um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), na Justiça do Trabalho, com a presença do Ministério Público do Trabalho (MPT), para não haver paralisações na porta das garagens das empresas e garantir o compromisso do Sindiônibus de esgotar todas as negociações, atendendo aos interesses de ambas as categorias, até o dia 25 de maio.

Uma nova tentativa de conciliação ocorreu em 11 de junho, quando o Tribunal Regional do Trabalho 7ª Região (TRT-CE)convocou os sindicatos patronal e laboral e a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Ceará (SRTE-CE).

Porém, mais uma vez, a conciliação não aconteceu. Na ocasião, o Sindiônibus pediu a instauração de um dissídio coletivo que o TRT julgou extinto, no dia 20 de julho de 2010. O MPT também tentou conciliação entre as partes, sem sucesso.

LINA MOSCOSO
REPÓRTER