Mulheres resgatam e fortalecem empoderamento na terceira idade

Após cruzar décadas e construir mudanças e evoluções da sociedade, cearenses se adaptam e se reinventam para manter vitalidade; milhares se encontrarão até domingo no maior evento dedicado a elas no País

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: Fotografar Maria Eli é quase uma missão - assim como a mente e o sorriso, o corpo da aposentada é vivo, e não abre mão de dançar independentemente do ritmo.
Foto: FOTO: FABIANE DE PAULA

O símbolo é simples, mas chamativo e repleto de significado. De longe já dá para ver, além do sorriso enorme e dos passos de dança incessantes, a coloração forte e nada comum para os cabelos de quem já viveu sete décadas. É na mecha de fios roxos (antes brancos) que a aposentada Maria Eli Silva, 70, expressa ao mundo a coragem que quer para si e para as contemporâneas - que cruzaram gerações em busca de resgatar e fortalecer o poder de serem e fazerem toda e qualquer coisa que lhes convier.

E nem é preciso muito, aliás. A fórmula da felicidade, para Eli, é simples até demais: filhos formados, marido bom, amizades leais e lembranças bonitas de quando era professora polivalente de escola pública. "Eu me sinto poderosa demais. Nós estamos não só nos igualando, mas passando dos homens. Vamos nos impor, trabalhar, ser mulheres de verdade e viver a vida! Eu quero ir até os 100!", anima-se Maria Eli, no intervalo entre as várias atividades às quais se dedicou nessa quinta-feira (16), durante o primeiro dia do 12º Encontro de Mulheres Pague Menos (EMPG), no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza.

O evento reúne mulheres de todas as idades, e seguirá até domingo (19) com extensa programação de palestras, atendimento em beleza e saúde, apresentações artísticas e culturais e distribuição de brindes. Participante de 12 das 12 edições, a também aposentada Lourdes (assim, com a letra "o", porque "é francês") Gonçalves , 74, vê no evento a possibilidade de "reencontrar e fazer novos amigos". "É uma alegria! É como passar esses dias na Lua. Aqui é minha Disney!", exclama a mulher, que exala vitalidade. "Me sinto uma garotona. Não troco minha garra e minha energia pelas de três meninas de 25!", brinca, definindo-se como "vitoriosa" pela independência da qual desfruta hoje.

Liberdade

Independência, aliás, forma par com outra palavra-símbolo da sensação de estar viva que rodeia mulheres como Eli e Lourdes: a liberdade. Para a também aposentada - mas que continua trabalhando como montadora de fogões - Iraydes Gurgel, 55, o movimento de ser livre acontece, principalmente, de dentro para fora. "Aqui é um lugar pra você levantar mais ainda a sua autoestima, se sentir bem. Não que mulher tenha que estar pra baixo, jamais. Mas como aqui só tem mulher, a gente se sente mais valorizada ainda. É só liberdade!", anima-se a participante assídua do Encontro de Mulheres Pague Menos há quatro anos.

Na edição de 2019, o tema do encontro é "Amor é o que nos faz gigantes", propondo uma reflexão sobre como a união das mulheres faz avançar a conquista de direitos. Para Maria Eli, cujo corpo é tão vivo quanto a mente e não para de dançar, o sentimento já é combustível há sete décadas, muito antes de colorir os cabelos de coragem. "Eu me sinto viva todos os dias, ainda mais com o amor dos meus filhos - mas eu ainda quero os netos que não me deram, por isso quero viver até os 100."

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