Mulheres cuidam da natureza através da arte e do voluntariado

No cotidiano de Fortaleza, iniciativas femininas reafirmam a capacidade de cuidar das demais formas de vida e ajudar na preservação do meio ambiente. As protagonistas contam com orgulho as trajetórias de resguardo da natureza

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: "Dou vida ao que é considerado morto e faço arte com material orgânico", Josefa Gonçalves da Cruz
Foto: Foto: Helene Santos

Ser convocada a falar de si e apresentar-se através dos feitos relacionados à proteção da natureza. Há mulheres cujas narrativas de vida passam necessariamente pela conexão com o meio ambiente. Narrativas perpetuadas. De mulheres que sabem que (suas) naturezas são libertadoras. Em Fortaleza, experiências no cotidiano reafirmam a capacidade humana de ser transformada e transformar as demais formas de vida. Nos casos contados aqui, ganham destaque as iniciativas que fazem isto através da arte e do voluntariado.

Mulheres realizadas com as próprias histórias. "Dou vida ao que é considerado morto e faço arte com material orgânico", conta a artesã Josefa Gonçalves da Cruz. Moradora do Bom Jardim, ela batalha contra a depressão e, nos últimos anos, tem se dedicado à produção de arte com material reaproveitado da natureza. São colagens de paisagens e pessoas feitas com sementes, bucha de coqueiro, areia colorida, folhas, cascas, dentre outros. "Isso me traz autoestima. Penso que a primeira coisa que tem que aparecer é minha arte. Isso me orgulha porque é o que sei fazer", diz.

A artesã que já vivenciou incontáveis dilemas devido à doença, passou a frequentar o Movimento de Saúde Mental do Bom Jardim em busca de tratamento. No local, encontrou amparo para praticar o ofício. Hoje, a arte da moradora da periferia, cuja matéria-prima provém de doações e achados nas ruas da cidade, ganha visibilidade. São obras sustentáveis. Garantem ganhos à própria criadora e à natureza. Do Ceará, já seguiram para países como Alemanha, Itália e França.

Em outro ponto da cidade, no Passaré, Fabiana Barros Pinho celebra a trajetória iniciada há quatro anos: ao começar a pesquisa para finalizar a graduação em Geografia, ela "descobriu" a Sabiaguaba. O trabalho teve como foco o reflorestamento de manguezais. Desde então, ela atua no serviço voluntário do local e integra a Associação dos Amigos do Ecomuseu Natural do Mangue. "É um trabalho que nenhum dinheiro no mundo vai conseguir pagar. É um trabalho no qual eu tenho amor".

Hoje, a rotina de Fabiana se divide entre o emprego em uma empresa de tecnologia e as incontáveis horas doadas aos projetos de preservação da Sabiaguaba.

Em 2018, recorda ela, uma mobilização, feita por ativistas defensores do mangue para a limpeza do ecossistema, reuniu 435 voluntários em 10 estados. Fabiana atuou em Fortaleza. Nos 10 estados foram retiradas cinco toneladas de lixo. "Se tiver duas horinhas de tempo durante sua semana, junte-se a uma causa e ajuda, Verá que o maior beneficiado é você", atesta.

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