Motos provocam 45% dos atropelamentos

Embora equivalendo 26,3% da frota, as motocicletas tiveram alta participação nas ocorrências de trânsito

Escrito por Thatiany Nascimento - Repórter ,
Legenda: A pesquisa deve orientar o fortalecimento de ações, como as iniciativas voltadas para conscientização dos motociclistas e a proteção aos pedestres
Foto: FOTO: KID JÚNIOR

As motos, em 2015, embora representassem cerca de 26,3% da frota de 1.009.695 veículos de Fortaleza, foram responsáveis por 525 atropelamentos, o equivalente a 45% das 1.585 ocorrências que atingiram pedestres na Capital no ano passado. A situação exposta no Relatório Anual de Acidentes de Trânsito de Fortaleza, divulgado ontem, segundo a Prefeitura, comprova o papel significativo dos motociclistas no "fenômeno dos atropelamentos", que somente em 2015 matou 119 pessoas na cidade.

Do total de atropelamentos que tiveram vítimas fatais em Fortaleza, 41%, ou seja, 49 mortes, foram provocadas por motociclistas. Já os automóveis, que no passado representavam aproximadamente 60% da frota da Capital, foram responsáveis por 39,7% dos atropelamentos e por 48 (40%) óbitos de pedestres.

Os dados apresentados pelo Município já haviam sido adiantados de forma preliminar pelo Diário do Nordeste na edição do dia 29 de novembro. O relatório que indicou o cenário de 2015 foi formulado após quatro anos de lacuna quanto às informações do sistema viário da cidade.

O levantamento, conforme o prefeito Roberto Cláudio, irá orientar a formulação e ampliação das políticas públicas de segurança no trânsito. O relatório foi realizado com o apoio da Bloomberg Philanthropies, uma fundação norte-americana, que auxilia cidades do mundo inteiro na implantação de melhorias no gerenciamento de dados, infraestrutura, fiscalização, educação e comunicação no trânsito.

Informações

O documento, a partir desta edição, será produzido anualmente e consolidará o Sistema de Informação de Acidentes de Trânsito de Fortaleza (Siat), gerenciado pela Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC). O sistema ainda contará com dados oriundos de nove fontes diferentes, dentre elas: hospitais, perícia forense, polícias rodoviárias e Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE).

De acordo com o levantamento, entre 2010 e 2015, o crescimento populacional de Fortaleza foi de 5,7%, enquanto o da frota de veículos foi de 41,6%. No total, em 2015, a Capital registrou 23.534 acidentes, com 315 pessoas mortas e 11.124 feridas, conforme adiantado pelo Diário do Nordeste. Quem mais sofre com a violência no trânsito são, segundo o perfil constatado no relatório, homens, pedestres e com idade entre 30 e 59 anos.

Em relação ao total de acidentes, se comparado os números atuais (23.534) aos índices de acidentes ocorridos em 2010 e divulgados em 2011- último ano em que a Prefeitura de Fortaleza havia registrado uma pesquisa deste tipo, mas com metodologia diferente -, houve uma queda de 0,9% das ocorrências, já que em 2010 foram 23.757 acidentes.

Na divulgação do levantamento, o coordenador do Plano de Ações Imediatas em Transporte e Trânsito de Fortaleza (Paitt), Luiz Alberto Saboia, enfatizou que o conjunto de informações leva à gestão a intensificar as ações voltadas para conscientização dos motociclistas e a proteção aos pedestres. "Iremos fazer isso através da expansão do que temos colocado na cidade, como as faixas em 'X', a elevação de faixas de travessia e campanhas educativas".

As vias que concentram o maior número de ocorrências não foram divulgadas, mas Alberto explica que os acidentes em 2015 ocorreram de forma dissipada e com perfil distinto nas áreas da Capital. O relatório aponta manchas no mapa com áreas onde ocorreram acidentes com vítimas fatais, vítimas feridas e sem vítimas.

Em relação às causas, ele também ressalta que a natureza dos sinistros muda conforme a localização. Mas, em geral, em 2015 predominam quatro fatores: excesso de velocidade, alcoolemia, ausência do cinto/capacete e uso do celular. Esses fatores, afirma Alberto, às vezes aparecem isolados, mas em muitos casos ocorreram conjugados.

FIQUE POR DENTRO

Acidentes geraram gastos de R$ 507 mi

Uma estimativa da Prefeitura (feita com base em um estudo do Ipea de 2003, com o valores atualizados) revela que, em 2015, foram gastos pelo poder público em Fortaleza R$ 507.108.140,56 em saúde e previdência para atender pessoas envolvidas nos 305 acidentes com mortes, 10.058 ocorrências com feridos e 13.171 acidentes sem vítimas.

dsa

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