Morre baleia encalhada na praia de Flecheiras

Escrito por Redação ,
O animal não resistiu à espera pelo salvamento. Ocorrência eleva casos envolvendo cetáceos no litoral do Ceará

Durou mais de 48 horas a tentativa de resgate de uma baleia no litoral Oeste do Ceará. Mas, o animal não resistiu e morreu no fim da manhã de domingo. O cetáceo da espécie jubarte encalhou na praia de Flecheiras - a cerca de 120 quilômetros de Fortaleza -, no município de Trairi, às 7 horas da sexta-feira (30).

O cetáceo da espécie jubarte, de 9,4 metros e 20 toneladas, encalhou na praia de Flecheiras, localizada a cerca de 120 quilômetros de Fortaleza, no município de Trairi, às 7 horas da última sexta-feira FOTO: LEONARDO VERAS

Desde que a baleia foi avistada por populares, uma equipe de biólogos da ONG Associação de Pesquisa e Preservação dos Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), com o apoio da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), além de voluntários, tentava retirar a baleia do local. A ONG tem experiência em trabalhos de resgate de animais marinhos no litoral cearense.

No sábado, duas embarcações foram utilizadas para desencalhar a baleia. Contudo, o trabalho não foi bem sucedido. Ontem, uma embarcação do tipo rebocador fornecida pela empresa Brasimar, de Fortaleza, seria empregada para içar o cetáceo e levá-lo de volta ao mar. A ação aconteceria tão logo a maré estivesse em condições favoráveis, no início da tarde.

O biólogo Antônio Carlos Amâncio coordenou as tentativas de desencalhe do cetáceo. "Fizemos o que foi possível, mas infelizmente não conseguimos salvar o animal", destacou.

Todo o trabalho para salvar a baleia foi acompanhado por um grande número de curiosos na beira-mar. A praia é caracterizada pela calmaria. Assim, a presença do animal de grande porte transformou-se num acontecimento de grandes proporções no destino praiano. A morte da jubarte causou tristeza e revolta. Populares reclamaram pela falta de uma ação mais efetiva e rápida das autoridades.

Segundo Antônio Amâncio, nesta época do ano é comum as baleias saírem dos polos para regiões mais quentes, como o Nordeste brasileira, para acasalar. "Nessas viagens não é raro algumas baleias se desorientarem, se perderem do grupo de cetáceos e encalharem na costa", disse.

Conforme Amâncio, a baleia encalhada apresentava diversas escoriações pelo corpo. A equipe da ONG chegou a retirar uma amostra de sangue do animal para checar suas reais condições de saúde. Num primeiro momento, não foi possível detectar o sexo do cetáceo por conta de sua posição na água. A jubarte tinha 9,4 metros e pesava cerca de 20 toneladas.

Números

A ocorrência em Flecheiras é a segunda neste ano envolvendo baleias no litoral cearense. A primeira foi em março, em Fortaleza. Na ocasião, uma baleia da espécie cachalote anão encalhou na Barra do Ceará e foi resgatada por pescadores e curiosos que estavam no local.

O animal encontrado na Capital tinha 25 anos e pesava cerca de 250 quilos. O cetáceo estava desorientado e apresentava escoriações. Diferentemente do que ocorreu em Flecheiras, os pescadores da Barra do Ceará devolveram o animal ao mar.

Na costa cearense, o encalhe de baleias e golfinhos tem apresentado números significativos nos últimos anos. No ano passado, foram catalogados 85 casos. Em 2010, ocorreu a maior incidência. Foram 105 animais encalhados. Deste total, 70 eram da espécie boto-cinza.

Para a ONG Aquasis, os números apresentados são elevados. Entretanto, são apenas os casos registrados. O quantitativo real é ainda maior. Os motivos dos encalhes são variados. Muitos estão relacionados à poluição do mar. Os animais adoecem e são trazidos para a praia pela correnteza. Outras ocorrências devem-se a artefatos de pesca. Baleias e golfinhos se enroscam em redes e ficam presos, morrendo por asfixia.

FERNANDO BRITO
REPÓRTER
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