Médicos alertam para a gravidade das doenças
Ao todo, 20 postos de saúde e três shoppings de Fortaleza vacinam, neste sábado (1º), para atingir a meta
O fim da campanha de vacinação contra poliomielite e sarampo deveria ter sido ontem (31), mas, por orientação do Ministério da Saúde, todos os estados devem continuar vacinando neste sábado (1º). Em Fortaleza, os médicos infectologistas e pediatras apelam e reiteram o quão graves são as duas doenças. Até a tarde de ontem, a Capital não conseguiu cumprir sua meta, em mais de 138 mil crianças.
Conforme a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), 94.098 doses foram aplicadas para sarampo (68,3%), enquanto que, para pólio, foram 93.200 (67,38%). Sendo assim, faltam, em média, 44 mil. Em Fortaleza, 20 postos de saúde em todas as regionais e três shoppings vacinam neste sábado (1º).
O dado preocupa, levando em conta que as doenças podem levar à morte e o modo de prevenção é a vacina. Segundo a coordenadora de Políticas de Saúde da SMS, Anamaria Cavalcante, a vacinação deve continuar na próxima semana, até bater a meta esperada.
O sarampo e a pólio são doenças virais e transmissíveis. Para a primeira, a vacinação consiste em duas doses, com intervalo de três meses, quando a criança faz um ano. Já a segunda, exige para proteção cinco doses na vida. Três no primeiro ano (dois, quatro e seis meses) e dois reforços entre um e cinco anos.
No caso da pólio, o vírus leva à perda de massa muscular e, consequentemente, à paralisia permanente do corpo. Segundo o infectologista pediátrico Robério Leite, a doença pode evoluir sem complicações, mas a paralisia não é incomum. "Só as pessoas que tiveram a pólio sabem. Essas sequelas aumentam ao longo da vida. Já na idade adulta, os portadores enfrentam a limitação funcional dos membros, fora o problema da locomoção", informa. Quando a paralisia é do sistema respiratório, a morte é inevitável.
Já o sarampo, que acomete as vias respiratórias, pode levar à morte por infecção, desidratação grave e pneumonia. A doença pode causar, ainda, a perda da visão. "Ambas as doenças são de transmissão muito fácil. Então é necessário que a cobertura vacinal seja acima de 95% porque, eventualmente, quem não toma a vacina, pode completar a cadeia de transmissão", revela o infectologista. Segundo ele, apesar de não termos casos recentes de pólio, ela e o sarampo são preocupantes devido ao risco de importação, tanto de fortalezenses viajando e trazendo a doença de fora, como de turistas.
De acordo com o Ministério de Saúde, atualmente, o Brasil enfrenta dois surtos de sarampo relacionados à importação por meio de pessoas vindas da Venezuela: no Amazonas, que já computa 1.211 casos, e 6.905 em investigação; e em Roraima, com o registro de 300 casos, sendo que 70 continuam em investigação. Até o momento, no Brasil, foram confirmados sete mortes por sarampo, sendo quatro em Roraima e três no Amazonas. Alguns casos isolados e relacionados à importação foram identificados nos estados de São Paulo (2), Rio de Janeiro (18); Rio Grande do Sul (16); Rondônia (2), Pernambuco (2) e Pará (2).
O Vírus da poliomielite é outro que ameaça voltar a atacar as crianças brasileiras, causando a paralisia infantil. O Ministério de Saúde já destacou 312 municípios brasileiros que estão sob ameaça de surto da doença, entre eles Maranhão e Bahia.