Marista fecha em dezembro

Escrito por Redação ,
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A Faculdade Católica do Ceará e o Colégio do Mondubim darão continuidade à missão Marista em Fortaleza

Na década de 80, o Colégio Marista Cearense ficou pequeno para comportar tantos alunos, eram 4.500, divididos em três turnos. Ontem, diante de apenas 549 matriculados e 150 funcionários (94 professores e 66 administrativos), o mesmo irmão que dirigiu a instituição nos tempos áureos, Ailton Arruda, transmitiu o anúncio da União Norte Brasileira de Educação (Umbec): o colégio fechará suas portas no dia 31 de dezembro próximo.

O até então boato já circulava entre alunos, pais, professores e funcionários há alguns anos. A redução do número de educandos matriculados e o fechamento de outras escolas católicas, em Fortaleza, já sinalizavam o possível fechamento do Colégio Marista. “Muitos me perguntaram o motivo, mas essa decisão não foi de hoje”, esclarece o irmão Ailton.

Atual diretor-geral da instituição, ele reforça as explicações dadas pela Umbec em nota: “A evolução do tempo, a expansão da Cidade e a diminuição das áreas residenciais adjacentes tornaram inviáveis a manutenção da escola”.

Mas apesar do fechamento, reforça o irmão Ailton, a Congregação Marista permanece no Ceará. A Faculdade Católica continuará com suas atividades no prédio onde o colégio funciona, na Avenida Duque de Caxias, Centro. “As empresas têm um ciclo de vida. O Cearense viveu momentos em que não cabiam mais alunos e outros em que esses alunos foram diminuindo. Mas o importante é que nossa missão continuará”, adianta o irmão.

Além da Faculdade Católica, o Colégio Marista do Mondubim mantém suas portas abertas. Inaugurado em março deste ano, ele tem 90 alunos matriculados, até a 5ª série do Ensino Fundamental. “O Centro de Fortaleza hoje é um bairro comercial, não tem mais a característica de residencial, de anos atrás. E nós sabemos que para os pais a proximidade da escola conta muito. Entendemos isso”, explica a diretora acadêmica do Cearense, Manuela Suassuna.

Há ainda no Ceará a Casa de Acolhida da Abreulândia, mantida pela Congregação Marista e que beneficia 95 crianças da comunidade, e outras unidades nos municípios de Aracati, Iguatu e Maranguape. “O Marista estabelece essa sensação de pertence. Ele faz parte da história de vida dos alunos. Mas essa vivência se perpetuará. Isso é o mais importante”, acrescenta Mariana, também ex-aluna Marista.

Amanhã, a direção do colégio divulgará, em comunicado oficial nos jornais, o motivo do encerramento das atividades, após 94 anos de história. “O Marista não resistiu ao tempo, como a própria nota de sua direção (a Umbec) expõe, nem a concorrência que transformou o setor educacional em uma das áreas de negócios mais rentáveis do Ceará e do Brasil”, diz o comunicado.

Fundado em janeiro de 1913 pelos padres diocesanos Misael Gomes, Climério Chaves e José Quinderé, o Colégio Marista Cearense passou por duas sedes antes de se instalar, definitivamente, no prédio do Centro, em 1917. A faculdade de hoje não é a primeira dirigida pelos irmãos, de 1947 a 1966 funcionou ali a Faculdade Católica de Filosofia.

Emanuela França
Repórter

PROTAGONISTAS
Tradição e integração com as famílias de alunos são ressaltadas

Fátima Araújo, avó de aluno
É triste ver um colégio com quase 100 anos fechar suas portas. Tá sendo muito difícil aceitar isso. É uma escola tradicional, com uma integração familiar que você não acha nas outras. Não me conformo.

Rafael Holanda, ex-aluno
É uma triste realidade. Mas o fechamento do colégio não apagará a missão Marista. A presença dessa congregação em Fortaleza não morre. Ela continua no Colégio Marista do Mondubim e na Faculdade Católica.

Sebastião Freitas, ex-funcionário
Estou muito sentido, trabalhei durante 13 anos no Cearense. Hoje estou na Faculdade, mas ainda assim vou sentir, pelos alunos, os funcionários. Mas tenho certeza de que a missão continuará. Quem é Marista sabe.
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