Marinha notifica 140 navios-tanque para prestar esclarecimentos

As embarcações possuem características de carga compatível com petróleo cru e navegaram pelo litoral nordestino entre agosto e setembro

Escrito por Renato Bezerra , renato.bezerra@svm.com.br
Legenda: A incidência de óleo no litoral cearense ocorre desde o início de setembro
Foto: FOTO: HO/ADEMAS/AFP

Enquanto ações emergenciais seguem em andamento para retirar os resíduos de óleo encontrados no litoral nordestino, autoridades ainda tentam identificar a origem da contaminação. Até o momento, a Marinha do Brasil notificou 140 navios-tanque que navegaram entre o período de 1º de agosto a 1º de setembro na região, para que as empresas responsáveis prestem os devidos esclarecimentos.

De acordo com o órgão, as embarcações possuem características de carga compatível com petróleo cru e foram identificadas durante análise de tráfego marítimo realizado pelo Centro Integrado de Segurança Marítima (CISMAR), em uma área de 36.000 milhas naúticas quadradas na Zona Econômica Exclusiva do Brasil no litoral nordestino.

Ainda sem uma causa definida para o desastre, a Marinha do Brasil diz considerar muitas hipóteses, incluindo naufrágios e derramamentos acidentais. Afirma, no entanto, que pelo volume de material recolhido até o momento, são remotas as possibilidades de uma poluição causada pela lavagem de tanques de navios no litoral brasileiro, assim como o processo de exsudação de petróleo, ou seja, um vazamento natural de óleo a partir do leito marinho.

No Ceará, praias de pelo menos nove municípios apresentaram manchas de óleo em entre os meses de setembro e outubro, segundo monitoramento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). As situações mais críticas foram constatadas em Paracuru e na praia de Sabiaguaba, em Fortaleza.

A Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), contudo, acredita não haver mais incidência do material em águas cearenses, com base em um sobrevoo realizado nesta quarta-feira (9) pelo gerente de Análise e Monitoramento do órgão, Gustavo Gurgel, no litoral do Estado. Esse foi o segundo sobrevoo preventivo realizado, desta vez numa faixa de dez quilômetros da costa.

Por terra, conforme a Semace, equipes do Departamento Nacional de Trânsito (Detran-CE) e do Corpo de Bombeiros seguem percorrendo o litoral em carros numa busca por novas ocorrências de óleo nas praias. O resultado desse rastreamento será apresentado nesta quinta-feira (10).

Fiscalização

Segundo o Ibama, cinco agentes ambientais estão atuando por meio de vistoria e atualização de informações para o posto de comando da emergência. A reportagem questionou se o número consegue atender a demanda atual de fiscalização, mas isso não foi esclarecido. Nos últimos dois anos, o órgão vem passando por um processo de fechamento de escritórios no Estado, reduzindo significativamente o número de autuações ambientais.

Segundo o Ibama, os agentes em atuação na emergência no Ceará constataram que o número de localidades afetadas e a quantidade de óleo nesses locais é menor do que nos outros estados afetados. "O Instituto encaminhou ofício a todas as Prefeituras de municípios costeiros, comunicando da poluição com o óleo nas praias e solicitando auxílio na limpeza das áreas atingidas, além de orientar sobre a destinação correta dos resíduos de óleo", disse em nota.

Também nessa quarta-feira (9), a vistoria do Ibama identificou a chegada das manchas de petróleo na Foz do Rio São Francisco, no município de Piaçabuçu, em Alagoas. Além do material, foram achadas duas tartarugas cobertas de óleo. Uma já foi encontrada sem vida e a outra foi encaminhada para receber tratamento em Sergipe.

 

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