Mais de 70% da população de Fortaleza já teve contato com a dengue

Apesar de serem majoritariamente assintomáticos, os casos de primeira infecção representam um fator de risco para a forma mais grave da doença

Escrito por Barbara Câmara , metro@verdesmares.com.br

A análise de 940 indivíduos, entre outubro de 2013 e abril de 2014, revelou que 74,6% dos moradores da Capital cearense já tiveram contato com o vírus da dengue.

O estudo, intitulado 'Inquérito soroepidemiológico de dengue em Fortaleza', foi conduzido por aproximadamente 15 profissionais da Universidade de Fortaleza (Unifor), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Estadual do Ceará (Uece) e do Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen).

"Apesar de realizado há 4 anos, esses resultados continuam relevantes porque, depois do vírus Zika, fica quase impossível fazer outro estudo desse tipo, já que os inquéritos das doenças são muito parecidos", explica Luciano Pamplona, pesquisador, biólogo e professor doutor da UFC.

Comparada à primeira pesquisa do tipo, efetuada em 1994, a soroprevalência para dengue em Fortaleza apresentou um aumento de 30,6%.

De acordo com Luciano Pamplona, 75% dos casos de primeira infecção por dengue são assintomáticos, impedindo que a doença seja identificada. Por isso, mesmo aqueles que não tiveram o diagnóstico de dengue, mas vivem em regiões endêmicas, como é o caso de Fortaleza, podem ter tido contato com o vírus.

Cíclicas

A dengue possui quatro sorotipos (DENV 1, 2, 3 e 4), todos com circulação no Brasil. A infecção por um sorotipo gera imunidade permanente para ele. No entanto, uma segunda infecção, por outro sorotipo, é um fator de risco para o desenvolvimento da forma grave da doença.

"As epidemias são cíclicas. Em 2015, 2016 e 2017 não tivemos muitos casos, foram três anos com pouca circulação da doença. Não podemos apostar como vai ser ano que vem, mas considerando essa sazonalidade, é possível que ocorra um aumento de incidência em 2019", revela o pesquisador. Segundo Luciano Pamplona, em Fortaleza, o sorotipo 1 é o mais frequente.

Considerando a proximidade do período chuvoso, o biólogo ressalta a importância da prevenção da doença. "Esta é a época estratégica", diz.

23
casos graves da enfermidade. Estes foram registrados de 21 a 27 de outubro: 11 aconteceram em Fortaleza. Dos 11 óbitos contabilizados no Estado, 5 ocorreram na Capital

2.989
casos de dengue foram notificados em 2018. Os dados são do último Boletim Epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado, divulgado no último dia 8 de outubro, referente até 29 de setembro

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