Linha Central é alternativa para lotação de ônibus

Escrito por Redação ,
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Há três meses em funcionamento, Central ainda é desconhecida da população, apesar do preço e do passeio

Se os ônibus que cruzam as ruas congestionadas do Centro estão quase sempre lotados, com passageiros "pendurados" na porta, há uma alternativa ainda pouco conhecida: a Linha Central (061), que faz um trajeto pelas principais vias de comércio por R$ 0,40 e com a vantagem de se ir quase sempre sentado, observando a beleza histórica da Capital.

No trajeto, é possível viajar pela memória arquitetônica de Fortaleza do século XX, vendo pela janela a Catedral, Passeio Público, Praça da Estação, Parque das Crianças e outros atrativos, como o Centro de Pequenos Negócios (CPN), antigo Beco da Poeira.

O presidente da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), Ademar Gondim, anunciou que vai aumentar a divulgação da linha neste mês e espera um aumento de fluxo devido ao período de compras natalinas.

Com sacolas nas mãos, o autônomo Francisco de Assis aprovou a iniciativa da criação da linha, mas reclamou do fato de só haver dois ônibus circulando, da grande espera na parada e na restrição de só aceitar vale transporte eletrônico. Ele fez compras na Rua Senador Alencar e ia se deslocar até o Parque das Crianças.

O trajeto que antes era feito a pé pela quase ausência de linhas que rodavam pelo Centro e que foram impedidas de circular pelas obras do Metrô de Fortaleza. "Está ruim andar, é muito camelô, assalto e sol quente. Pego o Central todo dia, ajudou muito quem faz compras e não tinha outra alternativa", comentou.

Em funcionamento há apenas três meses, a Central ainda é pouco usada, levando menos de 200 passageiros por dia, disse o motorista Maurício Oliveira, de 44 anos. A estimativa de público da Etufor era de cerca de 800 por dia. "Nem todo mundo sabe que existe essa linha.

Seria bom divulgar mais, já que dá para se deslocar com conforto e ir até sentado, sem muita lotação. É até bom para os turistas que querem conhecer os pontos turísticos e para quem anda com muitas compras e não quer ficar se cansando", disse.

O trajeto dura cerca de 30 minutos e parece uma boa desculpa para circular entre as ruas que deram origem a Fortaleza que hoje conhecemos. No itinerário, o ônibus trafega pela Rua Castro e Silva, Avenida do Imperador, Rua Pedro Pereira, Rua Pinto Madeira, Rua 25 de Março, Rua Costa Barros, Rua São José, Rua Rufino de Alencar, Rua Dr. João Moreira e Rua 24 de Maio. A linha opera nos dias úteis até as 20h e nos sábados até as 16h.

Para o presidente da Etufor, Ademar Gondim, o mais interessante da Central é acostumar as pessoas com a integração temporal e a complementação tarifária que virá com o Metrofor. "Se o passageiro vier, por exemplo, da Avenida Bezerra de Menezes e tiver como destino a Rua 25 de Março terá a possibilidade de integrar temporalmente com a Linha Central e com transporte alternativo. Estamos em fase de teste e vamos apostar mais na divulgação", disse.

MAIS INFORMAÇÕES

Dias úteis até as 20h; sábados, até as 16h; vale transporte eletrônico, vale transporte avulso; e carteira estudantil com crédito; R$ 0,40 (inteira) e R$ 0,20 (meia)

VÁRIAS VISÕES

Uma viagem que passa pela história de Fortaleza

Olhando a cidade pela janela, o ex-jogador de basquete profissional, Francisco Alfredo Homsi, de 68 anos, desvia o olhar do tumulto de pessoas que estão na "corrida" pelas compras e se centra no que os prédios históricos lhe comunicam. "Acho esse percurso bonito, principalmente quando passo em frente à Catedral e ao Passeio Público. É uma viagem bela, de muita riqueza cultural até para quem não é turista", comentou.

Ele até deu a ideia à Prefeitura de colocar, nos ônibus da linha, alguns cartazes com informações de cada um dos pontos que o coletivo passa. Desatenta à paisagem e ligada nas suas sacolas, a manicure Crislane Teixeira, de 25 anos, disse nem se importa com o que vê, acha tudo muito sujo, desorganizado e sem graça. "Antigamente tinha mais beleza, hoje acabou. Tudo foi derrubado, virou estacionamento e comércio, perdeu a graça", frisou.

Para o historiador e professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Gleudson Passos, a riqueza arquitetônica do Centro fica invisível, perdida em meio ao caos, à desordem e à falta de sinalização e informação histórica nos pontos turísticos. Tombar, preservar, restaurar e reutilizar são passos importantes para a valorização desse circuito histórico. "Acho legal a ideia dessa linha de ônibus circular pelos monumentos.

IVNA GIRÃO
ESPECIAL PARA CIDADE
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