Inédito, tratamento mini-invasivo contra aneurisma chega à Capital

Fortaleza é a primeira cidade do Nordeste a realizar método de baixo risco no tratamento de aneurismas considerados graves, antes só tratados por meio de cirurgia. Hospital São Mateus realizou os três primeiros procedimentos ontem

Escrito por Redação , metro@verdesmares.Com.Br
Legenda: Procedimento inovador e de baixo risco gera evolução estável na maioria dos casos
Foto: FOTOS: Thiago Gadelha

Efetividade e segurança são os aspectos principais nos quais se baseiam os grandes avanços tecnológicos na medicina. Nesse contexto, Fortaleza é a primeira cidade do Nordeste a realizar, no Hospital São Mateus, um procedimento inédito e de baixo risco no tratamento de aneurismas cerebrais considerados graves, antes resolvidos somente por meio de cirurgias.

Denominado dispositivo de oclusão intraluminal (WEB), o método foi desenvolvido há cerca de sete anos na França e é indicado para aneurismas maiores do que sete milímetros (colo largo), popularmente chamados de boca larga, um dos mais difíceis de tratar pela embolização com molas, tratamento minimamente invasivo já utilizado com sucesso em lesões estreitas.

Para estes casos mais graves, segundo explica o neurologista Francisco Mont'Alverne - coordenador da equipe de neurocirurgia do Hospital São Mateus - o procedimento consiste em utilizar um micro cateter para implantar, na área do coágulo, um material que assume a forma geométrica de um quadrado, formando uma espécie de rolha que impede o sangue de entrar e estourar o aneurisma, evoluindo, assim, para um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico.

"O método conseguiu aumentar o tratamento minimamente invasivo em aneurismas que antes não eram possíveis, resolvendo 95% das incidências e com evolução estável na maioria dos casos", destaca o médico.

Legenda: o procedimento consiste em utilizar um micro cateter para implantar, na área do coágulo, um material que assume a forma geométrica de um quadrado, que impede o sangue de entrar e estourar o aneurisma

O procedimento foi realizado em três pacientes no Hospital São Mateus, na tarde de ontem, com duração de cerca de 1 hora cada um. Outros dois estão programados para receber o tratamento hoje. Para isso, uma comitiva de cirurgiões de todo o País se reuniu na Capital para conhecer a técnica, criada pelo médico francês Laurent Spelle, também presente na cidade para auxiliar a equipe. O procedimento pioneiro chegou ao Brasil no fim do ano passado, realizado pela primeira vez no Estado de São Paulo.

Segurança

A estabilidade do procedimento e do material utilizado, ainda segundo o Dr. Mont'Alverne, está comprovada após os mais de 7 mil casos já realizados com sucesso na Europa desde que a técnica foi desenvolvida. "A taxa de complicação usual é baixíssima, em torno de 1%, e a pessoa vai pra casa 24 horas após o procedimento", afirma o neurocirurgião.

O aneurisma cerebral é uma doença silenciosa, apresentando sinais apenas quando ele se rompe. Neste caso, os principais sintomas são as dores de cabeça, convulsões, vômitos e perda de consciência. A condição é causada pelo enfraquecimento da parede de uma das artérias sanguíneas que irrigam o cérebro. Quando esta artéria está fragilizada, com a pressão do sangue, forma-se uma espécie de bolha, que pode se romper.

O sangramento causado por esse rompimento pode levar a um AVC hemorrágico. Entre os fatores de risco para as duas condições estão a hipertensão, diabetes, pré-disposição congênita, tabagismo e o uso de álcool.

Legenda: Comitiva médica de profissionais de todo o País estão em Fortaleza para acompanhar a técnica

 

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