Índice de aprovação de alunos da rede municipal chega a 98%

O desempenho de estudantes das escolas municipais em Fortaleza avançou. No ano passado, dos 157.447 alunos matriculados, 154.336 foram aprovados. O 6º e 9º ano são as etapas que demandam mais atenção, avalia especialista

Escrito por Redação ,
Legenda: O monitoramento diário da frequência é tido como uma estratégia para a melhora do rendimento escolar
Foto: Foto: CAMILA LIMA

Cursando o último ano do Ensino Fundamental, o estudante Felipe Isidório, 16 - aluno da Escola de Tempo Integral José Carvalho, em Fortaleza - sabe que 2020 será decisivo para seu objetivo de cursar o Ensino Médio no Instituto Federal de Educação do Ceará (IFCE). O estudante integra um dado positivo na educação municipal: ele é um dos 154.336 alunos aprovados em 2019. O total equivale a 98% dos estudantes da rede municipal. Esse índice é maior que o atingido em 2018, quando 96% do alunos tiveram aprovação nas escolas municipais.

O resultado foi apresentado pela Secretaria Municipal de Educação (SME), com dados do Censo Escolar. A Pasta informou ainda que a taxa de reprovação nesta etapa da vida escolar que, em 2018, foi de 3,4% - equivalente a 5.100 alunos - chegou a 1,7% em 2019 atingindo 2.603 estudantes.

A taxa de abandono escolar, um dos maiores desafios da rede educacional, também parece caminhar de forma positiva. De acordo com a SME, 508 (0,3%) estudantes abandonaram a escola em 2019, sendo 144 (0.2%) deles entre o 1º e o 5º ano e 364 (0,5%) do 6º ao 9º ano. Em 2018, 947 alunos abandonaram os estudos.

Felipe chegou a ser reprovado no 6º ano do Fundamental em três matérias ainda em 2017, atribuindo a ele mesmo a responsabilidade pelo prejuízo. "Eu era muito brincalhão e não ficava atento às aulas. Hoje, eu mudei a visão dos estudos, consigo me dar bem nas matérias porque presto atenção no conteúdo. Só matemática que ainda tenho um pouco de dificuldade", comenta.

A professora da Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Adriana Eufrásio, avalia como bastante expressivos os resultados em apenas um ano. Destaca, porém, as diversas e importantes mudanças pelas quais passa o estudante em nove anos da educação básica, se fazendo necessário um maior acompanhamento, especialmente na transição do Fundamental I para o II. "Do 5º para o 6º ano a gente observa que tem uma mudança brusca, de conteúdo ao número de disciplinas, então a gente vê que muita vezes nessa virada acontecem as reprovações. A escola se torna mais exigente, não tão atrativa como outras diversões que eles têm fora da escola. E o 9º ano é extremamente delicado. Pesquisas evidenciam índices de evasão grandes nessa etapa", comenta.

Estratégias

Nesse contexto e tendo como entendimento também a mudança de perfil do próprio estudante, cabem às escolas melhorar as estratégias didáticas para mantê-lo na sala de aula, suprindo, assim, grande parte dessas deficiências.

"No Fundamental II já temos um novo perfil de aluno. Nessa mudança de faixa etária, saindo da infância para a adolescência, o abandono acaba sendo um pouco mais expressivo até por conta dessa mudança de visão de mudo, e foge um pouco mais do controle da própria família. Se ele tiver deficiências acumuladas ao longo dos anos, com o conteúdo maior ele se sente desestimulado e perde o interesse nos estudos", ressalta.

A secretária de Educação de Fortaleza, Dalila Saldanha, aponta o monitoramento diário da frequência como uma das principais estratégias que justificam a melhora do rendimento escolar em 2019. Através de um sistema, a partir de uma falta não justificada da criança ou do adolescente, segundo explica, a família é acionada. "A gente abre um protocolo, faz visitas às famílias, ligações, e se a criança não retornar com regularidade já é acionado o conselho tutelar. Isso contribuiu significativamente para a redução do abandono. E de certa forma, garantir a frequência foi decisivo para aumentar a aprovação".

A educação em tempo integral, viabilizada tanto pelas 27 unidades de tempo integral de Fortaleza, como pelo programa de ampliação da jornada escolar - nas demais instituições - também foi importante para o resultado, conforme a titular da SME. A secretária explica que a modalidade, atualmente, tem cerca de 70 mil estudantes e conta com uma relevante qualificação pedagógica, com currículos voltados diretamente aos alunos que apresentam a necessidade de um melhor atendimento.

O processo de formação contínua, possibilitando equipes pedagógicas integradas e coesas, como acrescenta Saldanha, também vem influenciando nos resultados. Apesar dos pontos citados, a secretária ainda destaca ações direcionadas a períodos específicos, como o 3º, o 6º e o 8º ano, que demandam atenção.

"Até o 2º ano temos a promoção automática. No 3º ano já começa a cumprir o curso, então, o desafio é não deixar que ele se frustre logo no 3º ano, por isso temos uma rotina de acompanhamento, planejamento de professor, material didático, e as metodologias que são oferecidas", diz.

O monitoramento quando o estudante chega ao 6º ano também se faz necessário pela mudança de perfil entre os dois períodos. "O aluno sai daquela atenção do professor regente para o 6º ano, então existe todo o trabalho de transição com os coordenadores pedagógicos para dar mais atenção a eles. E o 8º ano demanda maior atenção para que ele chegue no 9º ano com todas as condições de ele concluir o Ensino Fundamental", explica.

 

 

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