IJF superlotado após reforma

Escrito por Redação ,
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Hospital recebe 600 pacientes/dia. Do total, 48% vêm do Interior. Ontem, 60 macas lotavam a emergência

"Não adianta estadualizar ou federalizar o Instituto Dr. José Frota (IJF). Isso iria de encontro a tendência nacional, que é justamente de municipalizar a saúde". A afirmação é do superintendente do Frotão, médico Messias Barbosa, em resposta à proposta do vereador Iraguassu Teixeira, que, na última terça-feira, propôs a estadualização do hospital.

Segundo Barbosa, a medida não resolveria o problema da superlotação da unidade terciária. O problema é antigo e nem com a recente ampliação da emergência, que está funcionando desde abril, foi solucionado. Só para se ter idéia, ontem, em plena quarta-feira, 60 macas se espalhavam pelos corredores do hospital.

O IJF recebe, em média, 600 pacientes/dia, sendo que 48% são oriundos de outros municípios. No feriadão de 7 de Setembro, por exemplo, 164 ambulâncias vindas do interior transportaram 600 pacientes, num total de mil atendimentos no período. "Foi muita gente mesmo", reconhece Barbosa.

Mesmo com a grande demanda, afirma o superintendente, não existe quadro de sucateamento. "Pelo contrário, estamos investindo em infra-estrutura, equipamentos e pessoal. Essa informação não procede".

Para ele, o problema não é estrutural ou falta de recursos. "Faltam especialistas no mercado, como neurocirurgiões, anestesistas, cirurgiões do tórax e uteistas", atesta. Mesmo assim, informa, o Frotão tenta suprir o déficit com a convocação de mais 11 anestesistas, 11 traumatologistas, seis clínicos, 21 enfermeiras e 48 técnicas em enfermagem. "Ainda é pouco", confere o médico.

Os profissionais foram aprovados no último concurso público do hospital. Os convocados já se apresentaram e entregaram a documentação exigida. Atualmente, o IJF conta com 520 médicos de várias especialidades. "A questão agora é gerenciar o que temos para colher melhor resultado", diz.

Quanto a estrutura, a unidade terciária está com 95% de sua reforma e ampliação concluídas. Num investimento de R$ 15 milhões, provenientes do Programa QualiSus, do Ministério da Saúde somente para a emergência, que começou a funcionar em abril passado. Faltam ainda o heliponto, num valor de mais R$ 5 milhões e de um serviço pioneiro: uma ala exclusiva para traumas raquimedular, com oferta de 16 leitos, com recursos próprios do hospital. A unidade deverá ser entregue em outubro, junto com o heliponto.

Há 15 anos sem passar por reforma, a emergência do hospital recebeu a nova área de atendimento traumatológico, área Verde da pediatria, cinco salas para pequenas cirurgias (uma exclusiva para a pediatria) e outra para coleta laboratorial. Já no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ), as obras resultaram na ampliação da sala de balneoterapia e criação da área de acolhimento, salas de primeiro atendimento e de curativo de pacientes ambulatoriais.

A meta, informa Messias Barbosa, é ampliar e humanizar o atendimento. Agora, salienta, o paciente é atendido na emergência por classificação de risco. A Área Vermelha é destinada para casos gravíssimos e que precisam ser reanimados. Quando ele é estabilizado, vai para a Área Amarela, com 20 leitos e suporte de UTI. Ali, eles ficam monitorados por modernos equipamentos. "Alguns em coma induzido", diz.

A Área Verde possui 16 leitos destinados aos pacientes adultos que necessitam de observação. Já a Azul, com duas salas, servem para a medicação de adultos e outra para as crianças. "Além disso, temos a nova emergência pediátrica para crianças e adolescentes vítimas de grandes traumas".

Pacientes menos graves e acompanhantes ganharam novo acesso. A reforma também incluiu a compra de equipamentos, como dois tomógrafos helicoidais, aparelhos de ultra-som com doppler colorido. Apesar de tudo, diz o médico, ainda falta muito para o ideal.

O Instituo Dr. José Frota tem custo alto. Por mês, são gastos R$ 12,2 milhões, sendo R$ 9 mi somente com a folha de pessoal. A ampliação aumentou em mais R$ 384 mil/mês esse valor.

LÊDA GONÇALVES
REPÓRTER
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