IJF 2 abre novo centro cirúrgico com meta de zerar pacientes em corredores

Em entrevista ao Sistema Verdes Mares, superintendente do hospital, Riane Azevedo, afirma que o novo anexo do IJF será finalizado até junho deste ano

Escrito por Theyse Viana , theyse.viana@svm.com.br

Referência em atendimentos de urgência e emergência, o Instituto Dr. José Frota (IJF), no Centro de Fortaleza, é um dos símbolos da superlotação em corredores da saúde pública. A unidade, porém, tem sido ampliada desde outubro de 2018, quando os primeiros 59 leitos do IJF 2 foram inaugurados. Nesta quarta-feira (12), o 3º dos cinco andares do anexo será aberto (a previsão era agosto de 2019), com nove salas de cirurgia e 24 leitos. O objetivo é reduzir o tempo de internação e "desafogar" serviços, segundo a superintendente do IJF, Riane Azevedo.

Qual o impacto da entrega do novo andar?

O 3º andar corresponde ao centro cirúrgico e às salas de recuperação do IJF 2. Hoje, fazemos uma média de 900 cirurgias por mês, e a projeção é de que sejam 800 a mais com esse novo espaço. A rotina dele será voltada a cirurgias eletivas, como traumatológicas, plásticas e vasculares. O hospital recebe uma média de 6.500 pacientes por mês, e até 14 mil são internados por ano, todos cirúrgicos. Temos 605 leitos, mas não temos salas cirúrgicas suficientes. Estamos estrangulados, operando em todos os turnos para desafogar. Hoje, são 30 cirurgias por dia, às vezes até mais. Com o novo centro, multiplicamos essa capacidade.

O que falta para finalização do IJF 2?

Já inauguramos todo o 1º andar, com 59 leitos. No 2º, temos 71 leitos, sendo 24 de pediatria. O 4º andar tem 44 leitos, 20 na Unidade de Cuidados Intermediários e 24 de enfermaria, que serão entregues até junho deste ano - mesmo prazo para o 5º andar, que tem 30 leitos de UTI, para atender à demanda do novo hospital. Ficam faltando os aparelhos de hemodinâmica e ressonância, aguardamos importação da Alemanha. Hoje, temos que transferir os pacientes para o Hospital Geral de Fortaleza. Às vezes, ficamos com eles até 15 dias só esperando um exame, dependendo disso para finalizar o atendimento.

A ampliação foca em "desafogar" os corredores?

Temos as metas de diminuir o tempo médio de internação de 10, como é atualmente, para sete dias, com o centro cirúrgico novo, e dar mais conforto aos pacientes. Queremos acabar com esse corredor, e vamos fazer isso, porque agora estão sendo dadas condições de infraestrutura e de equipe. Em 1993, quando cheguei ao IJF, não tinha paciente em corredor, eles começaram a se acumular quando aumentou a demanda do interior pra cá, pela falta de solução lá. Recebíamos procedimentos que poderiam ser resolvidos em qualquer hospital. Na emergência, atendíamos 10 mil pacientes mês. Agora, estamos em 6.500. Há uns dois anos, começou a diminuir, porque a regulação começou a funcionar. Mesmo assim, 30% dos pacientes que atendemos não deveriam vir pro IJF.

Pacientes reclamam da superlotação. Como o IJF avalia isso?

Todo mês, recebemos relatório da Ouvidoria, que é um setor independente. Ano passado, recebemos 1.590 relatos presenciais, 329 nas caixas coletoras que ficam em todos os andares do hospital, 408 por telefone, sete por e-mail e dois por outros meios. Desse total, 462 foram elogios, o que cresceu em relação a 2018, quando o quantitativo era bem menor, só 82. Atribuímos isso ao IJF 2. As acomodações são muito boas. Além disso, diminuímos as reclamações de 969, em 2018, para 864, no ano passado - mas 635 destas ainda se referem à demora do atendimento. Com o novo centro cirúrgico, isso vai melhorar consideravelmente.

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