Idosos enfrentam longos trajetos para acessar Restaurante Popular

Cerca de 1.300 pessoas são atendidas por dia no espaço social, no bairro Parangaba. 70% dos frequentadores são idosos e alguns deles vêm da Região Metropolitana, percorrendo até 30km para conseguir refeição por R$ 1

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
Legenda: De acordo com a SDHDS, cerca de 70% dos atendidos do Restaurante Popular são homens idosos que estão em vulnerabilidade social
Foto: FOTO: FABIANE DE PAULA

Os limites da capital cearense são percorridos diariamente por cerca de 1.300 pessoas inscritas no Restaurante Popular (RP) de Fortaleza, no bairro Parangaba. Até a chegada da refeição, o ritmo é lento na fila formada logo no início da manhã por idosos, algumas crianças e adolescentes, que se apertam na aglomeração da qual a calçada não dá conta.

Para matar a fome de muitos, as regras são até quebradas. O equipamento municipal atende pessoas vindas de outras cidades, como Caucaia, Maracanaú e Pacatuba. "Fortaleza tem um diferencial porque atende públicos de municípios vizinhos até porque tem uma fragilidade de equipamentos de segurança alimentar dos municípios. Pessoas vêm, sobretudo, de Maracanaú", explica a secretária executiva da Secretaria dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social de Fortaleza (SDHDS), Patrícia Studart. O levantamento sobre o número de pessoas de outros municípios atendidos no RP da Parangaba não ficou pronto até o fechamento da edição, portanto, não se pode afirmar o percentual de pessoas que saem de outras cidades para ter uma refeição em Fortaleza.

De Pacatuba, Francisco Aires, 69, percorre mais de 16 km de viagem de sua casa até a Parangaba para garantir o almoço. Ele frequenta diariamente o espaço desde o primeiro dia de funcionamento. "Aqui é bom, a gente é bem tratado, reclamam muito da fila, mas fazer o quê? O espaço é pequeno. Se isso aqui fechar, meu irmão... Meu ordenado só dá para pagar aluguel, água e luz. Quando é que eu vou fazer uma refeição dessa por um real?", destaca.

Às 10h, com a abertura do portão, o movimento no RP se torna intenso. Os bandejões são consumidos com pressa por aqueles que ainda têm um longo caminho de volta para o seus lares, como é o caso da dona de casa Adriana Santos, 50, que tem mais de 30 km de trajeto para a Nova Pacatuba, na Região Metropolitana. "A gente sempre se alimentou aqui porque dá para economizar, tá tudo caro agora. Já está com dois anos que eu venho para cá", conta. Adriana está desempregada e precisa ficar de pé às 5h todos os dias para dar início à rotina de cuidados do filho com autismo.

De acordo com a SDHDS, cerca de 70% dos atendidos são homens idosos. "Não temos demanda reprimida lá. Temos em outros locais. Estamos em negociação para abrir outros dois restaurantes, um no Centro e outro em Messejana ou Tancredo Neves. São locais com maior vulnerabilidade social". Para o local, a Pasta estuda a mudança para outro espaço, maior e mais confortável, para garantir mais agilidade no atendimento.

A Prefeitura de Fortaleza mantém o RP sozinha, sem recursos de outros municípios. Cada refeição sai a R$ 9. O valor de R$ 1 pago pelos usuários custeia pequena parte dos custos. Além disso, o equipamento ainda conta com uma equipe de multiprofissionais, desde nutricionista, psicólogo, assistente social e engenheiro de alimentos.

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