HGF: permanência de pacientes na emergência reduz em 87,5%

Dentre as principais medidas que contribuíram para a redução, estão a colaboração dos profissionais que trabalham dentro dos hospitais e um empenho de organização na gestão dos leitos na unidade

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: Após o impacto positivo percebido no Hospital Geral de Fortaleza, outras unidades com emergência terão mudanças implementadas.
Foto: FOTO: JOSÉ LEOMAR

Antes do planejamento estratégico elaborado pela Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) ser posto em prática, em janeiro deste ano, pacientes que chegavam ao Hospital Geral de Fortaleza, através da Emergência, permaneciam na unidade por cerca de oito dias. Hoje, a média de permanência é de 24 horas.

A redução advém de uma série de ações práticas: a colaboração dos profissionais que trabalham dentro dos hospitais - principalmente o setor de emergência, que se reestruturou para atender de forma mais rápida e eficaz; a colaboração com outros hospitais de alta complexidade, com mudança do perfil de atendimento; e um trabalho de organização na gestão dos leitos.

A expectativa, segundo o médico Carlos Roberto Martins Rodrigues, doutor Cabeto, titular da Sesa, é que as mudanças continuem e se ampliem para outros hospitais na Capital e pelo Estado.

"É preciso entender que há um desenho complexo por trás desse 'corredômetro'. Não é simplesmente arranjar um leito e colocar o paciente. É preciso que o leito para o qual se encaminhe seja adequado, que o paciente seja bem tratado, com um tratamento eficiente e humanizado", ressalta.

O tempo de permanência reduzido contribuiu ainda para a diminuição do número de pacientes em espera nos corredores da unidade. A média de pessoas que compunham o corredômetro no HGF variava entre 80 e 100, com picos eventuais que ultrapassavam a marca de 100. Atualmente, onze pessoas encontram-se nos corredores.

Transtornos

"É um número totalmente aceitável dentro do perfil de complexidade, até porque alguns estão aguardando leito para serem transferidos e outros estão tomando algum tipo de medicação", diz Daniel de Holanda, diretor-geral do Hospital Geral de Fortaleza.

Em sua avaliação, o importante é que o paciente certo esteja no lugar certo. "Não faz sentido encher uma emergência de alta complexidade com patologias que podiam ser resolvidas com nível menor de complexidade". Segundo ele, isso gera uma série de transtornos para a organização interna da unidade e para os próprios pacientes.

As principais demandas da fila de espera consistiam em doenças vasculares, neurológicas, neurocirúrgicas e patologias urológicas. As próximas unidades a receberem a implementação de mudanças serão o Hospital Infantil Albert Sabin (Hias) e o Hospital de Messejana.

A primeira reunião de planejamento interno dos hospitais aconteceu na sexta-feira (8), com foco nas unidades que contam com emergência. "O Hias tem o problema de ser praticamente o único de pediatria do Estado que atende a esse nível de complexidade. Isso torna o sistema sobrecarregado. E o de Messejana é o maior hospital que atende à cardiologia e pneumologia", lembra o secretário da Saúde.

Reorganização

O titular da Sesa reconhece, porém, que as ações estratégicas não resolvem o problema da saúde em Fortaleza, tampouco no Ceará. Segundo ele, o ideal é que seja feita uma reorganização, em pouco tempo, do sistema de saúde através das macrorregionais.

A partir desse foco, o principal objetivo é fazer com que as cinco macrorregiões - Fortaleza, Sertão Central, região Sul, região Norte e do Jaguaribe - funcionem de forma independente. "Quando você separa essas macrorregiões, a intenção é que você consiga organizar o atendimento naqueles municípios inseridos nas regiões. Isso tem que garantir desde a atenção primária até os hospitais regionais", explica Carlos Roberto Rodrigues.

O primeiro desafio é conseguir que essa rede das macrorregiões se estruture, organizando-se de forma a garantir que o atendimento dos pacientes fique restrito à respectiva regional, que tem por obrigação ser equipada para atender a essa complexidade, e que o doente que venha para Fortaleza seja reverenciado através dessas macrorregiões.

Perfil

Em seguida, é preciso organizar a macrorregião de Fortaleza, que acumula a maior densidade de atendimentos. "O desafio é esse, ter um sistema de saúde no qual os hospitais tenham boa eficiência, que sejam capazes de solucionar a maioria dos problemas com a melhor qualidade, ou seja, ter um tempo de internação e uma taxa de infecção adequados", destaca o secretário.

O perfil dos hospitais é mais um ponto de destaque. É importante informar à população quais unidades procurar, de acordo com suas necessidade. "É muito comum os pacientes procurarem a emergência por não conseguirem assistência no ambulatório, na atenção primária", diz.

A qualificação desses outros espaços seria, portanto, fundamental para ampliar a eficácia do sistema. Segundo o secretário, grande parte da demanda seria reduzida dessa forma.

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