Funcionamento do projeto Praia Acessível é intensificado nas férias

Voltado para promover a acessibilidade de idosos, pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida à praia, o projeto de inclusão social será estendido para todos os dias da semana durante o mês de dezembro

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: Portador de paralisia infantil, Samuel Cavalcante se diverte e relaxa quando entra no mar
Foto: Foto: ISANELLE NASCIMENTO

Com a chegada da alta estação, em dezembro, o projeto Praia Acessível se estenderá a todos os dias da semana. Idealizado pelo Governo do Estado do Ceará e realizado em parceria com outros órgãos, o projeto disponibiliza esteiras e cadeiras anfíbias que permitem o acesso do público ao mar. O cearense André Nery, 41, com tetraplegia traumática desde 1998, adere ao projeto desde o início das atividades, em 2016.

Além da acessibilidade, André aponta a socialização como um dos principais motivos para que mantenha presença assídua. "Com a esteira, posso ver o mar. Se quiser entrar, utilizo a cadeira anfíbia. Aqui, voltei ao meu social. Venho de quarta a domingo e no período de alta estação fica ainda melhor porque o projeto funciona todos os dias", ressalta.

A auditora de supermercados Patrícia Brandão, 40, voluntária do projeto há mais de um ano, diz que todos os dias vivencia uma experiência diferente. "Lidamos com patologias, com a dor do outro e com a família. Não é só o banho de mar. O mais legal da nossa participação é o acolhimento e as reuniões na tenda. Aqui, comemoramos aniversários, datas especiais, a exemplo do Natal. Do nada, nos falamos pelo grupo do WhatsApp, cada um traz um prato e almoçamos juntos", relata.

Patrícia também evidencia a importância da relação com as famílias, a qual ajuda aliviar a tensão e o desgaste de lidar com a rotina do portador de necessidades físicas. Os filhos de Patrícia, Cristal, de 12 anos e Pedro, de 13, também se tornam voluntários no período de férias. "Eles gostam do que fazem e ajudam bastante na parte social", revela.

Outro colaborador, especialmente na parte de segurança é o soldado do Corpo de Bombeiros, Felipe Vasconcelos. "Somos responsáveis pelo translado e retirada dos banhistas do mar. No caso do Aroldo, ele sabe nadar, por isso tem mais mobilidade e quer se sentir mais livre. Quando pede para sair da cadeira nós retiramos, mas fica sempre um profissional acompanhando junto com a família", explica Felipe.

Já os banhistas com mais restrições, por questão de segurança, devem permanecer na cadeira, até sair do mar. Outro ponto importante destacado por Felipe é o cuidado de verificar as condições do mar, antes de entrar.

"Para evitar pancadas das ondas, observamos o melhor momento da maré, verificamos se o local não tem pedra. Ficamos com eles na água em média 20 minutos e levamos até o banho de água doce para a pessoa poder aproveitar o restante do dia na praia".

Além do profissionalismo, a sensibilidade de Felipe com os banhistas é aflorada por ele lidar há 11 anos com o pai, que também é cadeirante. "Sempre trago ele para o banho de mar. Costumo retirá-lo da cadeira para dar uma relaxada, aliviar as dores e o sol faz bem para os ossos e pele", destaca o bombeiro.

Felipe exalta os diversos benefícios do projeto voltado para quem tem mobilidade reduzida. "A felicidade deles quando estão no mar transborda, é indescritível. Faço meu trabalho com prazer, tanto pela profissão, quanto por conhecer de perto as dificuldades dos cadeirantes", complementa.

A costureira Francisca de Sousa, 54 anos, e o marido Raimundo Cavalcante, 42, pais de Samuel, de 14, também são frequentadores assíduos do Praia Acessível. Samuel é o filho mais novo e já nasceu com paralisia infantil, condição que o coloca em condição totalmente dependente.

Segundo a mãe, que abandonou a profissão para cuidar do filho, a inquietude de Samuel é aliviada quando ele entra no mar. "A água é o único lugar onde ele fica relaxado. Ele sempre pede para entrar".

 

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