Frota de veículos de Fortaleza é a maior da região Nordeste

Se levado em consideração apenas as motos, o Estado tem a terceira maior quantidade do País

Escrito por Renato Bezerra - Repórter ,

Com uma população estimada em mais de 2,5 milhão de habitantes, a Capital cearense viu seu número de veículos nas ruas, especialmente carros e motos, aumentar em aproximadamente 41 mil novas unidades em apenas um ano, totalizando 1.016.703 veículos. O número representa a maior frota entre as capitais nordestinas. A cidade reúne 164.394 mil veículos a mais que Salvador e 359.675 mil a mais que Recife, respectivamente, segunda e terceira colocadas no ranking da região. Os dados são do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran)

Com uma frota de 2.807.781 veículos, o Ceará fecha o primeiro trimestre de 2016 com a segunda maior frota entre os estados das regiões Norte e Nordeste do País, perdendo apenas para a Bahia. Os dados revelam um acréscimo de 168.384 mil unidades automotivas, entre carros, motos, caminhões, caminhonetes, no intervalo de apenas um ano (março de 2015 e março deste ano). O número ainda representa 18,2% de toda a frota da região Nordeste, somada em 15.425.189 mil veículos.

Levando-se em consideração apenas as motos, o Estado tem a terceira maior quantidade do Brasil, com mais de 1 milhão de unidades, ficando atrás apenas dos estados de São Paulo e Minas Gerais, mas liderando as regiões Norte e Nordeste, de acordo com os dados do Denatran.

Do total de unidades do Estado, até março deste ano, 36,2% se concentram apenas em um município: Fortaleza. Neste cenário, uma conta é certa: quanto mais carros nas ruas, maior a disputa por espaço, maiores os problemas do trânsito, assim como a necessidade de se pensar estratégias para resolver ou minimizar os danos. Obras de infraestrutura, como a construção de túneis, viadutos e o alargamento de vias, assim como o uso de binários, ciclofaixas e faixas exclusivas para ônibus;previstos no Plano de Ações Imediatas de Transporte e Trânsito de Fortaleza (Paitt), são as recentes estratégias utilizadas pela Prefeitura de Fortaleza para reordenar o tráfego de veículos e ao mesmo tempo incentivar o uso de outros modais.

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Acompanhamento

Contudo, obras e projetos de mobilidade não garantem resolubilidade sem o acompanhamento necessário e, quando preciso for, se promover mudanças nas ações, segundo analisa o professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), Mário Azevedo.

Para o especialista, o aumento da frota, por si só, não é o mais preocupante para a cidade, mas sim a forma como o automóvel é utilizado. "O problema é você não conseguir regular o uso, você fiscalizar estacionamentos proibidos, controlar o trânsito em certas áreas, controlar a velocidade. Se a pessoa tem dinheiro, vai comprar um carro, pois é objeto de desejo e de necessidade. O carro em si não é problema desde que se use na hora adequada. Uma viagem para trabalho e estudo, por exemplo, em que o carro passa o dia ocupando aquela vaga não seria ideal, e sim o transporte coletivo. O carro deveria ser usado a passeio, para fazer compras, para viajar", diz.

Sobre obras estruturais, no entanto, avalia como estratégias de curto efeito, a exemplo de novos túneis e viadutos. "Obras que aumentem o sistema viário de uma maneira geral só aumenta o número de veículos. Quanto mais expandir o espaço, mais carros virão. É preciso pensar em algo com uma vida mais longa".

Binários são positivos, na sua avaliação, pois, além de ordenar o trânsito de uma determinada região, trazem o incentivo ao uso de bicicletas, com as ciclofaixas, e do transporte coletivo, com as faixas exclusivas para ônibus. Para ele, no entanto, o incentivo ao pedestre ainda carece de mais atenção.

"Muitas coisas boas foram feitas para a mobilidade urbana, mas elas precisam ser mantidas e lembrar sempre do pedestre. Algumas iniciativas que estão aparecendo são boas, mas ainda têm muita calçada ruim na cidade. Mesmo quem tem carro precisa chegar até ele, assim como para pegar transporte coletivo precisa chegar ao ponto de ônibus, então é preciso melhorar".

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